“Decretem nossa extinção e nos enterrem aqui”

Veículo: Revista Época - BR
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Na sua coluna semanal, a jornalista Eliane Brum destaca a declaração de morte coletiva feita por um grupo de Guaranis Caiovás. Para ela, a situação demonstra a incompetência do Estado brasileiro para cumprir a Constituição de 1988 e mostra que somos todos cúmplices de genocídio – uma parte de nós por ação, outra por omissão. “As palavras foram ditadas ao conselho AtyGuasu (assembleia dos Guaranis Caiovás), após receberem a notícia de que a Justiça Federal decretou sua expulsão da terra. São 50 homens, 50 mulheres e 70 crianças. Decidiram ficar. E morrer como ato de resistência – morrer com tudo o que são, na terra que lhes pertence”.
 
Perspectivas negativas – Eliane também chama atenção para o alto índice de suicídio entre os jovens Guaranis Caiovás. “A cada seis dias, um jovem Guarani Caiová se suicida. Entre as várias causas elencadas pelos pesquisadores está o fato de que, neste período da vida, os jovens precisam formar sua família e as perspectivas de futuro são ou trabalhar na cana de açúcar ou virar mendigos. O futuro, portanto, é um não ser aquilo que se é. Algo que, talvez para muitos deles, seja pior do que a morte”, diz.