Desde o início da pandemia, 779 crianças morreram de Covid-19 no Brasil
Segundo dados do DataSUS, o departamento de informática do Sistema Único de Saúde, desde o primeiro caso confirmado e registrado de Covid-19, no ano passado, até 8 de março de 2021, 779 crianças com até doze anos morreram da doença, no Brasil.
No mesmo período, ao menos 11.628 pacientes da mesma faixa etária precisaram ficar internados – um em cada quatro deles precisou ir para uma UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Deste total, 24% das mortes e 22% das internações aconteceram nos últimos três meses.
Apenas nos últimos três meses, foram 166 mortes de crianças em todo o país. O estado com mais vítimas foi Pernambuco, com 84 óbitos, seguido por São Paulo, com 83 e Rio de Janeiro, com 74.
As unidades federativas com menos mortes de crianças nas idades analisadas foram Amapá, Mato Grosso do Sul e Tocantins com 4 cada uma.
O levantamento da CNN também revela que, do total de mortes, 622 foram de crianças entre 0 a 5 anos por conta do novo coronavírus no mesmo período. 8.407 ficaram internadas pela doença e 2226 precisaram ficar internadas na UTI.
Há 24 anos trabalhando em UTI pediátrica (Unidade de Terapia Intensiva), a médica e intensivista pediátrica Luciana Aleixo diz que houve um evidente aumento de ocupação dos leitos durante a pandemia.
“Nós tivemos que estudar a doença e ver como ela se comporta nas crianças, porque ela é bem diferente no adulto. As crianças, de um modo geral, normalmente evoluem com casos leves e pouco sintomáticos. E as crianças que vão para as UTIs são basicamente as crianças neurologicamente comprometidas, como os pacientes oncológicos ou nefropatas, que são as que têm doenças renais.”, explica.
Luciana diz ainda que existe uma outra situação, que é uma complicação que ocorre nas crianças pós-Covid-19, que é a Síndrome Inflamatória Multi-sistêmica.
“É uma complicação que pode acontecer após 15 dias até três meses da doença. É uma reação inflamatória que acomete vários órgãos e sistemas e ela pode ser manifestar de forma leve, moderada ou grave indo a óbito.”
Para o infectologista do Instituto Emílio Ribas e consultor da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia), Leonardo Weissmann, as pessoas tinham a impressão inicial de que era uma doença de pessoas idosas e com doenças crônicas, mas com o passar do tempo foi se observando pessoas mais jovens ficando doentes e nem sempre com comorbidades.
“É importante destacar que estamos em uma curva de aprendizagem. É uma doença nova causada por um vírus novo. As crianças estão sendo mais expostas do que antes. Antes, ficava todo mundo em casa e só saia quem precisava. Os adultos foram saindo e as crianças também. O que ainda não sabemos explicar é o número real de crianças infectadas, porque elas normalmente não têm sintomas ou são menos graves. E as que têm doenças pré-existentes também da mesma forma que os adultos têm um risco maior de evoluírem para formas mais graves da doença”, diz Weissmann.