DF: Cresce o envolvimento de adolescentes com menos de 18 anos em atos infracionais
Levantamento da Promotoria de Infância e Juventude Infracional de Brasília (DF) aponta que um grande número de jovens da capital federal está em situação de conflito com a lei. No ano passado, 180 pessoas foram assassinadas por adolescentes com menos de 18 anos, 50% a mais do que o registrado em 2010. Os latrocínios (roubos com morte) cometidos por meninos e meninas também aumentaram 62% na comparação dos dois últimos anos. É maior, também, a quantidade de jovens envolvidos com substâncias ilícitas: em 2011, aumentou em 42% o número de processos relacionados ao consumo e ao tráfico envolvendo adolescentes em tramitação no Ministério Público do DF e Territórios. Para o promotor de Infância Renato Barão Varalda, a medida socioeducativa deveria ser eficiente no primeiro ato infracional praticado pelo adolescente. “Ele comete uma infração de menor potencial ofensivo e demora a ser chamado para receber e cumprir a medida. Isso faz com que fique o sentimento de impunidade”, afirma.
Valor ao consumo – A pesquisadora do Núcleo de Estudos de Políticas Sociais da Universidade de Brasília (UnB) Bruna Gatti ressalta que a sociedade também tem a sua parcela de culpa. O fenômeno, segundo ela, diz respeito a todos, que a cada dia dão menos valor à vida e mais valor ao consumo. “Alguns jovens largam a escola e vão trabalhar para ganhar o próprio dinheiro. Outros, como vivem em famílias totalmente desestruturadas, são adotados por traficantes e líderes de gangues”, explica. O DF é a unidade da Federação que mais interna jovens no País. Na avaliação do coordenador executivo do Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cedeca) isso é mais um indicador de que Brasília segue na contramão. “Em 15 anos, mais que quadruplicamos essa população. Aí eu pergunto: algo melhorou?”, afirma.