DF: Maternidade renunciada
A gravidez pode representar um drama para as mulheres que se veem diante da impossibilidade de criar um filho, seja pela condição socioeconômica, seja por conta de implicações psíquicas. De 2011 a julho deste ano, 89 mulheres procuraram a Justiça interessadas em entregar seus filhos para adoção. Metade desistiu após ser acompanhada pelo Programa de Acompanhamento a Gestantes da Vara da Infância e da Juventude (VIJ). A maioria tem formação escolar e situação socioeconômica precárias e acabaram abandonadas pelos companheiros. Psicóloga e psicoterapeuta, Maria Luiza Ghirardi diz que o ato de entregar a criança para adoção ainda é muito estigmatizado. "É um ato condenado, um tabu. Em geral, essas mulheres ocupam um lugar invisível no cenário da idealização da maternidade", analisa. Mas ela ressalta que essa atitude é o oposto do abandono. "Pode significar cuidado".