DF: O abandono da pediatria

Veículo: Correio Braziliense - DF
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A peregrinação de Cláudia* por emergências – particulares e públicas – completa 18 dias nesta quinta-feira (9). Desde 22 de dezembro, o filho dela sente dores pelo corpo, febre, vômito e dificuldade para respirar. A variedade de sintomas do garoto de 2 anos é tão vasta quanto a natureza dos diagnósticos que a servidora pública ouviu dos especialistas. "Já me falaram que era infecção de garganta, pneumonia e, claro, virose. Não sei mais em quem acreditar", conta. A via-crúcis que a mulher percorre é um retrato dos percalços por que passa a especialidade, que deixa de ser economicamente interessante para clínicas e hospitais privados e sofre com sucateamento e falta de profissionais na rede. O problema começou há quase duas décadas, quando áreas como a cardiologia ganharam destaque pela possibilidade de procedimentos mais complexos e, consequentemente, mais rentáveis. "A pediatria é uma especialidade da medicina primária, em que o principal é a consulta e o acompanhamento. Não há necessariamente a prescrição de exames. O importante é a orientação dos pais, a conversa", explica uma das diretoras da Sociedade Brasileira de Pediatria no DF (SPB/DF), Carmen Lívia Faria da Silva Martins.

Temas deste texto: Abandono - Saúde