Educação infantil: o que seu filho leva para a vida toda
Lá o seu filho corre, brinca, pula, dá risada, se diverte… A escola de educação infantil tem bastante brincadeira mesmo, o que é incrível. Mas não é só isso. Ela é muito importante – até mais que a universidade, acredite! Acha exagero ou está se perguntando o porquê? Essa fase escolar, que atende a crianças de 0 a 6 anos, acontece na primeira infância, um período riquíssimo para o desenvolvimento humano. Cada nova experiência que elas encaram naquele ambiente traz uma série de descobertas diárias. “Como sabemos pela ciência, a arquitetura do cérebro se forma nos primeiros anos de vida. É por isso que o trabalho educacional é extremamente importante e ajuda a definir o futuro desenvolvimento da criança. Na escola, ela ganha habilidades, conhecimento, sensibilidade, valores, capacidade de percepção e de relacionamento”, explica o sociólogo Cesar Callegari, diretor da Faculdade Sesi-SP de Educação.
Por mais que as atividades e os jogos propostos pelos professores pareçam despretensiosos, eles trazem várias lições que são levadas por toda a vida. Provas científicas para comprovar tudo isso não faltam, como um estudo recente realizado com 1 milhão de crianças no estado da Carolina do Norte (EUA). Segundo a pesquisa, alunos que tiveram uma boa educação infantil precisam de menos reforço escolar e apresentam melhor desempenho no ensino fundamental. Em Harvard (EUA), cientistas já apontaram que, quanto mais a criança se desenvolve na escola nessa fase da vida, maiores são as chances de chegar ao ensino superior e ganhar bons salários quando adulta. Se desenvolver bem na educação infantil, porém, não é sinônimo de utilizar apostilas, fazer provas e ter infindáveis deveres de casa. Muito pelo contrário: o aluno deve brincar e se relacionar para aprender.
Emoções e conquistas
Um adulto tem consciência de que o mundo não gira em torno de si e que há mais de 7 bilhões de habitantes no planeta – mas o seu filho pequeno ainda não sabe disso! O simples fato de estar na escola, portanto, amplia a convivência social e ajuda na percepção de que existe o “eu” e o “outro”. “Quando a criança sai de casa, ela é filha do fulano e da fulana. Ao passar pelo portão da escola, vira aluna, ganha um novo status. Ela precisa dividir e compartilhar, percebe que o brinquedo da escola não pertence a ela e que o colega tem direito de usar também. Assim vai aprendendo sobre negociação e descobre como brincar junto”, afirma Pnina Eva Friedlander, coordenadora e sócia da escola Carandá Vivavida (SP).
O ambiente escolar também propicia o contato e o respeito à diversidade desde cedo. E, como as famílias estão cada vez menores, é muito comum que a única forma que a criança tenha de se relacionar diariamente com outras seja na escola. “A partir da interação, ela percebe que o amigo também tem família e sentimentos, o que é uma questão social muito importante”, ressalta a psicóloga e psicopedagoga Ana Cássia Maturano. É então que surgem as primeiras amizades. Por falar nisso, pesquisadores da Universidade de Illinois (EUA) descobriram que fazer bons amigos durante a educação infantil traz consequências positivas no longo prazo. Nas séries seguintes, essas crianças tendem a apresentar melhores níveis de cooperação, sabem compartilhar e se alternar em tarefas, além de terem menos comportamentos hostis e conflituosos com os colegas. Só esses benefícios sociais já bastariam para colocar seu filho na escola, não é? Mas as vantagens não param aí.