Enchente no RS: médicos alertam para riscos de contaminação, mesmo após água baixar
Enchente no RS: Segundo pediatras e infectologistas, são múltiplos os riscos de contaminação pelo contato com a água das chuvas. Saiba o que fazer
Pediatras e infectologistas alertam para os “múltiplos os riscos de contaminação” pelo contato com a água das chuvas e enchentes, mesmo após a água baixar. “Em todos os lugares, há animais que entram em contato com essa água”, explica o pediatra e neonatologista Nelson Douglas Ejzenbaum, membro da Academia Americana de Pediatria.
Existe riscos, segundo o médico, de infecções por cólera, doença bacteriana infecciosa intestinal aguda; febre tifoide, outra doença bacteriana transmitida por alimentos e água contaminados; diárreias de repetição por uma série de protozoários, como giardia; além de uma série de outras doenças. “As crianças que ingerem essa água podem sofrer muito porque é uma água que pode estar extremamente contaminada”, alerta.
Em caso de ingestão, a orientação é observar possíveis sintomas. “Os principais são diarréia, icterícia (quando a pessoa fica com aspecto amarelado), mal-estar, febre, alterações de temperatura, tremores, calafrios, convulsões e dores abdominais. Mesmo sem sintomas, o ideial é, se possível, fazer testes solorógicos e exames de fezes. E, em caso de sintomas, entrar em contato com o médico ou buscar atendimento em uma unidade de saúde”, orienta.
No entanto, o infectologista pediátrico Marcelo Otsuka, do Departamento de Infectologia da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), ainda chama atenção para outro risco, o de leptospirose — uma doença infecciosa febril aguda que é transmitida a partir da exposição direta ou indireta à urina de animais, principalmente ratos. “A questão da água das chuvas traz uma série de problemas que nós precisamos ter atenção. Um deles é a questão da água contaminada, que pode causar muitos quadros de gastroenterite — infecções intestinais que, com certeza é algo preocupante —, mas também algumas doenças, como a leptospirose”, disse.
“A leptospirose, enquanto há um quadro de enchente, talvez não seja tão preocupante — a não ser em casos de semiafogamento ou de contato com a água contaminada por um longo período. Mas a preocupação maior é quando o nível da água baixa, quando fica a lama e, aí sim, o risco aumenta para contaminação”, esclarece.
Segundo o médico, algumas medidas podem ajudar a minimizar e até evitar o desenvolvimento da doença. “Então, a recomendação é buscar orientações do seu médico para minimizar esses riscos. E muito cuidado, mesmo com a água potável, pois se colocada em um local contaminado, também aumenta o risco”, alerta.
Entre os principais sintomas da leptospirose estão dores nas articulações ou nos músculos, diarreia, náusea ou vômito, calafrios, fadiga ou febre alta, e também é comum dor de cabeça, dor de garganta, irritação na pele, olhos avermelhados ou tosse. Diante de qualquer sintoma, busque atendimento imediatamente.
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