Equipe de adoção da Vara da Infância está “defasada”, diz supervisora

Veículo: Destak - DF
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Nos últimos dois anos, ao menos 144 crianças foram adotadas no Distrito Federal. Todas tiveram que passar pela avaliação e acompanhamento de 15 servidores da Vara da Infância do Distrito Federal (VIJ-DF). O grupo é responsável por todo o processo, desde a avaliação das famílias candidatas à lista de espera até o monitoramento dos primeiros meses de convivência entre os entes adotivos. Entretanto, a supervisora da VIJ-DF, Niva Campos, avalia que há "carência de pessoal" para fazer o trabalho.

"As equipes estão muito reduzidas pela quantidade de atribuições que cada vez mais as mudanças na legislação vem colocando", conta, ao acrescentar que "é muito trabalho e pouca gente". Niva destaca ainda a relevância do serviço tanto para crianças – que sonham em ter uma família – quanto para quem deseja acolhê-las.

"Os tribunais de justiça precisam dar condições para as equipes técnicas conduzirem o trabalho. É muito complicado, mexe muito com o emocional das pessoas envolvidas", admitiu.

Um dos principais desafios da equipe, de acordo com Niva, tem sido incentivar a adoção tardia, ou seja, de crianças maiores de 3 anos. Esta faixa etária representa 91% de todas as 131 presentes no cadastro atual. Das 536 famílias presentes no cadastro atual, 516 têm preferência por crianças de até 3 anos.

Como o Destak mostrou no dia 30 de março, os casos de famílias que adotaram uma criança e depois devolveram mais que dobraram nos últimos anos na capital federal. Em 2016 foram duas desistências, já no ano passado os casos subiram para oito devoluções. Neste ano, em três meses, já foram três ocorrências.

De acordo com a VIJ, duas novas servidoras estão em fase de treinamento. A equipe é responsável por emitir os pareceres técnicos que baseiam decisões judiciais sobre as adoções, realizar estudo psicossocial sobre a adaptação da família, além de gerir a entrada e saída de famílias e crianças do cadastro.

Preparação

Enquanto esperam pela adoção, famílias são orientadas a procurar a ONG Aconchego. A entidade oferece o serviço de preparo para o processo. Formada por 40 voluntários, a organização realiza, há 20 anos, encontros mensais com pais que já adotaram ou ainda aguardam a sua vez. O objetivo é conscientizar sobre a adoção tardia e evitar a temida "devolução" das crianças.

As pessoas que solicitam entrar no cadastro de famílias habilitadas para adoção precisam passar por um curso especializado. Soraya Pereira, presidente da Aconchego, explica que o conteúdo dos encontros são os mesmos que a VIJ-DF trabalha. Entre eles "motivação para adoção" e "desenvolvimento psicoafetivo da criança".

A ONG ainda é a única que realiza um acompanhamento contínuo após a adoção, uma vez que o da VIJ-DF é por tempo determinado.