Escolas desconhecem lei que determina ensino de educação digital

Veículo: Folha de S. Paulo - SP
Compartilhe

Pesquisa feita com 400 escolas paulistas mostra que a educação digital está fora do currículo dos alunos do ensino médio e fundamental, que as instituições de ensino não sabem o que é Marco Civil da Internet e que estão desinformadas sobre a obrigatoriedade da inclusão da educação digital no sistema educacional brasileiro. Os dados constam da primeira edição da pesquisa "Educação Digital nas Escolas Brasileiras" feita pela Fecomercio-SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) e será apresentada nesta terça-feira (5) em um congresso realizado pelo Conselho de Tecnologia da Informação da entidade. Por meio de questionários, foram entrevistados 400 donos e diretores de escolas públicas e privadas, de ensinos fundamental e médio do Estado, para avaliar o nível do preparo dos dirigentes das escolas em relação ao uso de mídias sociais pelos alunos, os níveis de alerta e de conhecimento sobre cyberbullying e se existem escolas que já incorporaram em sua grade curricular a disciplina educação digital.  “Um dos fatos que nos surpreendeu foi saber que 82% das escolas públicas permitem que professores sejam amigos virtuais e mantenham contato com seus alunos em redes sociais e grupos de Whatsapp. O professor mantém maior contato. Já nas escolas privadas são 76,75%”, diz o advogado Renato Opice Blum, presidente do conselho de TI da federação. Mas também chama a atenção, ressalta, que entre as que afirmaram permitir o contato somente 36,59% das escolas públicas informaram estipular regras claras sobre essa relação virtual. Nas instituições privadas, sete em cada dez (72,64%) disseram possuir regras de conduta. A pesquisa destaca ainda que metade dos dirigentes das escolas públicas informaram estar preparados para resolver os conflitos dos alunos ocorridos no ambiente virtual. Entre as escolas particulares, esse percentual é de 77,25%. Quando o assunto é ter planejamento de procedimentos a serem adotados se ocorrerem conflitos ou incidentes digitais envolvendo seus alunos, como cyberbullying e sexting (o ato de compartilhar mensagens de conteúdo sexual usando das tecnologias digitais com uma ou mais pessoas) 64,2% das escolas, na média, se dizem preparadas. Entre as públicas, esse percentual é de 55% e nas privadas, 66,5%.