Estímulo à leitura melhora desempenho de estudantes

Veículo: Tribuna do Planalto - GO
Compartilhe

Mesmo com tantas informações de fácil acesso na internet e televisão, a leitura regular traz resultados positivos e estimula a aprendizagem. Crianças, adolescentes e comunidade de bairros periféricos de Goiânia estão sendo incentivados a criarem o hábito de ler como forma de melhorar o rendimento escolar. A ideia é fazer o estudante tomar gosto pela leitura.

Levanto em conta que quanto mais nova criança tomar gosto pela leitura, maior a chance de ela se tornar um adulto com mais capacidade de aprendizagem, a diretora da Escola Municipal Jalles Machado Siqueria, do Jardim Bela Vista, em Goiânia, Nilde Rosatto, diz que todo o ambiente escolar deve valorizar a leitura e estimular o estudante para que ele desenvolva o hábito de ler. Ela lembra aos pais que eles devem incentivar essa cultura também em casa.

“As famílias precisam criar o hábito de ler, caso contrário a criança não conseguirá ser influenciada. Vivemos em um País que ainda não tem essa prática. Se os pais não tiverem este costume, não tem como exigir que o filho leia”, lembra a diretora.

Nilde Rosatto observa que a escola tem a função de ensinar aos estudantes conteúdo e conhecimento, mas a leitura praticada diariamente determina o melhor desempenho de qualquer matéria, além de contribuir com a formação de um cidadão mais consciente e preparado para a vida.

“Quanto mais contato a criança tiver com o livro, maior a possibilidade dela tomar gosto pela leitura. Mesmo sem ela saber ler, será fundamental para o desenvolvimento do raciocínio e aprendizado. A ajuda do pai ou mãe nesta fase é essencial”, observa.

Não existe uma idade determinada para que aconteça a alfabetização, quanto mais nova a criança for e tiver contato com livros, seja lendo para ela ou folheando páginas, é valido. A diretora explica que bastam iniciativa e incentivo de pais e professores para que o estudante desenvolva o raciocínio.

“Quando as crianças descobrem que a leitura ativa a imaginação, elas começam a ter mais curiosidade e tendem a fazer mais descobertas. Para nós, o primordial é fazer com que tomem o gosto pela leitura. O restante, produzem depois”, diz Nilde Rosatto.

Pensando nos benefícios que o hábito de ler traz, como capacidade de argumentação, desempenho na escrita e raciocínio, os estudantes da Escola Municipal Jalles Machado Siqueira participam desde o começo deste semestre do projeto BiblioSesc, que é um caminhão itinerante que possui um acervo de livros e de obras literárias dentro dele para crianças e adultos.

O objetivo do Serviço Social do Comércio (Sesc), em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e Esporte de Goiânia é contribuir para que as escolas localizadas em regiões periféricas de Goiânia tenham acesso a diferentes livros.

A diretora conta que a biblioteca da escola tem livros mais antigos e a didática do caminhão, que fica na porta da escola durante seis meses, uma vez por semana, já está possibilitando para que o estudante se aproxime dos livros de forma inovadora.

“O acervo que temos é menos atual e o formato da biblioteca dentro de um caminhão se torna novidade para os estudantes, além de proporcionar a eles obras literárias até então desconhecidas. São livros novos que eles ainda não conheciam e isso vai incentivá-los a ler mais. Esse é nosso alvo”, diz Nilde Rosatto.

Letramento da criança deve acontecer naturalmente

Ensinar uma criança a ler pode ser uma boa aventura. Caso ela se sinta obrigada a ler, isso pode acarretar traumas na mente e retardar o processo de alfabetização dela. A psicopedagoga Alessandra Leão conta que ajudar a criança a desenvolver o raciocínio brincando e de forma lúdica é muito saudável, mas se ela for maltratada pelos pais ou professores, pode ter bloqueio emocional e apresentar dificuldades de aprendizado.

“Nunca se pode forçar uma criança a ler. O letramento se dá com a aquisição do conhecimento. Existe um momento para cada criança se desenvolver, depende muito do estímulo que cada uma recebe. Tem crianças que começam a ler com três anos, outras com oito ou nove. O importante é motivar elas através de contos, teatros e contar histórias”, orienta a psicopedagoga.

Para Alessandra Leão, o trauma causado na infância, caso a criança seja forçada a aprender, poderá causar consequências negativas na vida escolar e também na estabilidade emocional do aluno.

“Ninguém gosta de se sentir obrigado a fazer algo, uma criança então muito menos, principalmente por ela estar desenvolvendo o raciocínio nos seus primeiros anos de vida e armazenando suas experiências na memória. Um trauma pode fazê-la tímida e retraída e sem ânimo para os estudos”, relata a psicopedagoga.

Mais leitores na escola e na comunidade

Na BibioSesc, cada estudante pode pegar até dois livros por semana e tem até sete dias para fazer e leitura e devolvê-los. A comunidade também tem acesso ao acervo itinerário gratuitamente, bastando levar um documento pessoal para fazer o cadastro toda terça-feira na parte da tarde na porta da escola.

Para a diretora, a novidade está levando mais estudantes a fazer cadastro e pegar livros. Ela lembra que a quantidade de leitores na escola e comunidade está aumentando.

“As crianças vêm apresentando interesse pela leitura. São esses pequenos trabalhos realizados que vão colaborar para que elas se desenvolvam em sala. Os moradores do bairro também estão aproveitando a oportunidade e fazendo empréstimos de livros. Estamos fazendo nosso papel. Esperamos que os pais deem continuidade em casa incentivando seus filhos”, observa Nilde Rossato.

Aluna da escola, Giovanna Fernandes, de 12 anos, diz que está aprendendo a ler mais com a chegada do caminhão em formato de biblioteca e relata que o tempo estipulado para fazer a entrega dos livros faz ela se esforçar para concluir a leitura.

“Achei muito legal porque nunca tive essa oportunidade. Eu não tinha o hábito de ficar lendo muito, mas estou sendo estimulada. O prazo de entrega do livro em uma semana me incentiva a ler mais rápido, pois sei que logo terei que entregá-lo”, conta.

Felipe Ribeiro, de seis anos, fica todo empolgado na hora que ele mesmo vai escolher o livro que pretende ler, claro, com a ajuda da mãe, porque ele está conhecendo as palavras.

“Eu não sei ler, mas minha mãe lê para mim e eu estou gostando muito de aprender com as historinhas”, conta, todo motivado.
A diretora conclui que o importante é valorizar e ressaltar para o estudante o quanto a leitura contribui para que seu desenvolvimento na escola e na vida.

Professor de História, Solon Pereira diz que não existe aprendizado sem ler, principalmente na matéria que ele ministra aulas há mais de 15 anos.

“Percebemos em sala de aula nitidamente que o estudante que lê mais, até mesmo sobre vários assuntos, se destaca não somente em minha matéria, mas em outras disciplinas. É perceptível claramente ver que o aluno desenvolve muito ao ler. A leitura contribui significativamente para desenvolver o raciocínio”, relata o professor.