Estudo revela que crianças de hoje enfrentarão mais eventos climáticos extremos do que gerações passadas

Veículo: O Estado de S. Paulo - SP
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Um estudo divulgado pela Fundação Abrinq trouxe um alerta preocupante: uma criança de 10 anos hoje enfrentará, ao longo de sua vida, uma exposição muito maior a eventos climáticos extremos do que uma criança nascida em 1970. Veja os números:

  • 5 vezes mais secas, que podem gerar escassez de água potável, desidratação e agravar problemas de nutrição;
  • 4 vezes mais quebras de safra, comprometendo o acesso a alimentos e aumentando os riscos de desnutrição;
  • 3 vezes mais enchentes de rios, que destroem infraestruturas essenciais, como escolas e hospitais, e expõem crianças a doenças infecciosas;
  • 2 vezes mais incêndios florestais e ciclones tropicais, colocando em risco a segurança, moradias e o bem-estar emocional.

O estudo, intitulado Mudanças climáticas e seus impactos na sobrevivência infantil, destaca como as alterações no clima ameaçam diretamente o presente e o futuro de crianças e adolescentes. Para a Fundação Abrinq, o cenário exige ações concretas e urgentes para mitigar os efeitos do aquecimento global.

Aquecimento global em números

“A temperatura global subiu 1,1°C entre 2011 e 2020, e projeções indicam que o aumento pode chegar a 4°C até o fim do século, dependendo da intensidade das emissões de gases de efeito estufa (GEE). Esse aquecimento está diretamente ligado à intensificação de eventos climáticos extremos, como ondas de calor, secas prolongadas, enchentes e ciclones, que impactam severamente a saúde, segurança e qualidade de vida das crianças”, explicou a instituição.

Victor Alcântara da Graça, superintendente da Fundação Abrinq, reforça que crianças e adolescentes não são responsáveis pelo aquecimento global, mas herdarão seus efeitos mais graves. Entre os principais impactos destacados estão:

Saúde ameaçada

A poluição do ar, intensificada pelas mudanças climáticas, aumenta o risco de doenças respiratórias, como asma, bronquite e infecções respiratórias. O calor extremo compromete o desenvolvimento pulmonar e dificulta a regulação da temperatura corporal, ampliando o risco de doenças graves ou até fatais.

Doenças como dengue, febre amarela e chikungunya, também impulsionadas pelas altas temperaturas, representam uma ameaça crescente. Além disso, os desastres climáticos frequentes, como enchentes e tempestades, têm consequências psicológicas severas, elevando os casos de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), ansiedade e depressão.

Educação em risco

As mudanças climáticas afetam a educação de diversas maneiras, como:

  • Interrupção das aulas: Durante as enchentes de maio de 2024 no Rio Grande do Sul, muitas escolas ficaram fechadas por semanas;
  • Infraestrutura prejudicada: Escolas mal ventiladas ou destruídas por desastres comprometem o aprendizado e a retomada das atividades;
  • Maior abandono escolar: Ciclos de interrupções dificultam o retorno às salas de aula, perpetuando a pobreza.

A Fundação Abrinq reforça que a educação é essencial não apenas para proteger os direitos das crianças, mas também como ferramenta para conscientização e combate aos danos ambientais.

Segurança alimentar em xeque

A crise climática também ameaça a segurança alimentar, agravando problemas como fome, desnutrição e até obesidade, devido ao acesso limitado a alimentos nutritivos. As temperaturas mais altas e as secas prolongadas prejudicam a produção agrícola, aprofundando a insegurança alimentar.

 

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