Exploração cruel e constante
Em meio ao vaivém de pequenos barcos e de navios estrangeiros, meninas miseráveis trocam os brinquedos e os uniformes escolares por roupas sensuais e exibem-se no cais. Vendem o corpo a turistas ou a estivadores e negociam a inocência por algum trocado. Das sucessivas violações de direitos da criança registrados diariamente nos portos brasileiros, a exploração sexual é a mais cruel e uma das mais recorrentes. Com a proximidade da Copa do Mundo e o aumento do fluxo de visitantes, entidades de defesa da infância fazem um triste prognóstico: a incidência de casos de abuso de meninos e meninas em áreas portuárias tende a crescer sem controle. O Correio Braziliense publica desde domingo (13) a série "Cais do abandono", que mostra as principais violências contra crianças em terminais fluviais e marítimos. Não existem estatísticas de violações de direitos da criança nos portos. Mas os dados nacionais dão uma amostra de como a infância é desrespeitada no País. No ano passado, em todo o Brasil, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República recebeu 124 mil denúncias e 26% dos casos eram relativos a situações de violência sexual contra meninos e meninas – o equivalente a 32,2 mil casos de abuso e exploração.