Febre, diarreia e lesões: veja sintomas da doença que atinge crianças indígenas da Grande BH
Duas crianças indígenas da aldeia Katurãma, de São Joaquim de Bicas, na região metropolitana de Belo Horizonte, estão internadas com sintomas de uma doença infecciosa ainda não identificada pelas autoridades de saúde. Para chamar atenção para o avanço do contágio na comunidade, a aldeia fez uma manifestação na BR-381, causando uma interdição que durou cerca de 19 horas de sexta até este sábado (31 de agosto).
De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), a suspeita de que as crianças estariam com Mpox foi descartada. Em nota enviada à reportagem, a pasta informou que elas estão internadas no hospital João Paulo II, em Belo Horizonte. O exame de uma delas deu negativo para Mpox. A SES-MG descreveu os sintomas da doença em investigação: “o quadro clínico é estável e os sintomas são febre, diarreia e lesões na pele”.
Uma das lideranças da aldeia Katurãma, a Cacica Angoho usou as redes sociais para pedir atenção das autoridades de saúde para os adoecimentos na comunidade: “Exigimos saúde e dignidade humana, nós somos cidadãos brasileiros. Nossas crianças estão internadas, contaminadas, não vamos aceitar mais isso na nossa comunidade. Exigimos uma representante da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai)”, disse.
O que diz o Ministério da Saúde?
O Ministério da Saúde afirma que tem “acompanhado de perto” a situação da comunidade da Aldeia Katurãma, em São Joaquim de Bicas, e feito atendimentos de rotina. “Uma equipe epidemiológica do Distrito Sanitário Indígena (DSEI) trabalha na investigação do que pode ter causado as lesões na pele da criança internada”, diz.
Nos próximos dias, a equipe do DSEI, juntamente com as equipes de saúde do município e da mineradora Vale S.A, vão realizar uma busca ativa em todos domicílios da comunidade para identificar enfermidades semelhante a da criança internada.
“Estão previstas também ações educativas, mutirões de limpeza na região e aplicação de inseticida para controle de insetos, como carrapatos e bichos de pé”, afirma o MS por meio de nota.
A manifestação na BR-381
Após quase 19 horas de interdição, o trecho da BR-381, do km 517 e ao km 506, entre São Joaquim de Bicas e Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, foi liberado por volta das 16h deste sábado (31 de agosto). Uma manifestação de indígenas da aldeia Katurãma bloqueou a via desde a noite de sexta-feira, por volta das 21h13, segundo informou a Polícia Rodoviária Federal (PRF). A retenção no trânsito é de 17 km.
A PRF informou que uma negociação com órgãos federais e estaduais fez o protesto chegar ao fim. De acordo com os manifestantes, o ato foi pacífico e cobrou pela normalização do abastecimento de água na aldeia. O local está sem abastecimento regular há uma semana, segundo eles.
Os indígenas também cobraram atenção à saúde das crianças da comunidade, que estariam sendo atingidas por uma infecção contagiosa. Duas delas estão hospitalizadas, segundo as lideranças do movimento, e outras permanecem na aldeia.
Os Katurãma chegaram a suspeitar de um surto de Mpox entre as crianças. A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG), contudo, descarta a hipótese. Em nota enviada à reportagem, ela confirma que há duas crianças da comunidade internadas no hospital João Paulo II, em BH. O exame de uma delas já deu negativo para Mpox. “O quadro clínico é estável e os sintomas são febre, diarreia e lesões na pele”, diz a pasta.
Também acionada pela reportagem, a Copasa afirma que o abastecimento da aldeia está normal. “A Copasa destaca ainda que um técnico da empresa esteve na comunidade na manhã deste sábado (31/08) para verificação da pressão de água na rede que atende aos imóveis, e constatou a normalidade na atuação do cavalete”.
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