Governo vai acompanhar grávidas com sintomas de zika, diz ministro
A exemplo de medidas já adotadas em alguns Estados, o Ministério da Saúde irá estabelecer uma política de acompanhamento de gestantes com sintomas de zika, afirmou nesta terça-feira (1) o ministro da Saúde, Marcelo Castro. A iniciativa ocorre diante do aumento de casos de microcefalia, má-formação do cérebro que trazer limitações ao desenvolvimento da criança. No sábado, o governo confirmou a relação entre o surto e o vírus zika, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. "Gestante com zika também vai ser acompanhada", afirmou. O possível acompanhamento de grávidas, com exames seriados que podem avaliar os impactos da infecção pelo zika, já estava em estudo pelo Ministério da Saúde. Questionado pela reportagem, o ministro não deu detalhes de como a estratégia deve ocorrer. A medida já é adotada no Estado do Rio de Janeiro e Pernambuco. Além do acompanhamento de gestantes com zika, o governo e secretarias estaduais de saúde trabalham na elaboração de novos protocolos para dar assistência às grávidas cujos bebês foram diagnosticados com microcefalia ainda durante a gestação. Segundo Castro, a situação preocupa e não tem precedentes no mundo. "Tudo isso é novo, nunca aconteceu antes. Não tem literatura, nada". "O que estamos recomendando para gestantes e quem quer engravidar é ter cuidados redobrados. Mosquito tem hábito diurno, e tem preferência pelas extremidades. Usar sapatos, meia e calças. E se possível telar suas casas", afirmou.
AVANÇO DE CASOS
Em um avanço inédito, o país já registra 1.248 casos suspeitos de microcefalia. Os registros já ocorrem em 311 municípios de 14 Estados, segundo boletim atualizado do Ministério da Saúde. O aumento de casos tem surpreendido o governo e profissionais de saúde. Para comparação, na última semana, o boletim apontava 739 casos -um aumento de 68%. Entre os Estados, Pernambuco registra o maior número de casos, com 646 registros em investigação. Em seguida, estão Paraíba, com 248 ocorrências, Rio Grande do Norte, com 79, e Sergipe, com 77. Também já informam casos Alagoas (59), Bahia (37), Piauí (36), Ceará (25), Rio de Janeiro (13), Tocantins (12), Maranhão (12), Goiás (2), Mato Grosso do Sul (1) e Distrito Federal (1). Em geral, crianças com microcefalia podem ter problemas no desenvolvimento, com limitações para falar, andar, escutar, a depender da gravidade do caso. Cerca de 90% dos casos de microcefalia estão relacionados a alguma deficiência mental. Em situações mais graves, a ocorrência pode levar à morte do bebê. Para identificar os casos, o Ministério da Saúde recomenda que profissionais de saúde sigam os protocolos formulados ou utilizados pelas respectivas secretarias de saúde, que informam quais exames devem ser realizados e estabelecem hospitais de referência para atendimento às mães e bebês.