IBGE: mais de 1,7 milhão de crianças e adolescentes não frequentavam a escola em 2022

Veículo: CBN - BR
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Mais de 1,7 milhão de crianças e adolescentes estavam fora da escola em 2022, segundo dados preliminares do Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O levantamento aponta avanços na escolarização da população, mas revela que o Brasil ainda não atingiu algumas das metas do Plano Nacional de Educação (PNE), principalmente na educação infantil e no ensino médio.

Apenas 33,9% das crianças de 0 a 3 anos estavam matriculadas em creches em 2022, bem abaixo da meta de 50% prevista para 2016. Já entre as crianças de 4 a 5 anos, a taxa de escolarização foi de 86,7%, aproximando-se da universalização, mas ainda inferior ao objetivo de 100%.

A situação melhora no ensino fundamental, onde 98,3% das crianças entre 6 e 14 anos frequentavam a escola. No entanto, no ensino médio, a taxa de escolarização cai para 85,3%, deixando cerca de 1,27 milhão de adolescentes entre 15 e 17 anos fora da escola. Entre os jovens de 18 a 24 anos, apenas 27,7% seguiam estudando, seja no ensino superior ou em outras modalidades.

Segundo os dados brutos divulgados pelo IBGE, entre as pessoas de 6 a 14 anos eram 431.594 crianças e adolescentes que não frequentavam a escola. No caso dos de 15 a 17 anos, 1.271.678 adolescentes na mesma situação. Ao todo, a somatória mostra 1.703.272 crianças e adolescentes.

Priscila Cruz, presidente executiva do Todos Pela Educação, pontua que no ensino médio o cenário é mais grave por causa da evasão escolar.

‘Isso é bastante grave, porque isso é efeito da evasão, que, por sua vez, é efeito de uma série de fatores, né. A gente tem aí desde o trabalho precoce, uma questão ligada à pobreza, necessidade de apoiar a sua família, tem a gravidez na adolescência. E aí a gente tem a razão que é a principal de todas, que é o jovem. E esse é um fracasso de todos nós, da sociedade, dos governos, de todos nós, é o jovem perceber que ele não está aprendendo, que ele não está avançando, que a escola não serve para nada na vida dele. Ele não consegue enxergar a razão para estar na escola.’

A pesquisa também destaca disparidades regionais. A região Norte apresentou as menores taxas de escolarização em quase todas as faixas etárias, sendo que Amapá, Acre, Roraima e Rondônia tiveram as menores frequências de crianças de 4 a 5 anos na escola.

Nível de instrução avança, mas desigualdades persistem

Entre a população brasileira com 25 anos ou mais, 35,2% tinham apenas ensino fundamental incompleto ou nem tinham nível de instrução, enquanto 18,4% haviam concluído o ensino superior. Em 2000, esse último percentual era de apenas 6,8%, o que mostra avanço significativo. Entre os municípios com mais de 100 mil habitantes, São Caetano do Sul (SP) lidera com 48,2% da população com diploma de ensino superior, enquanto Belford Roxo (RJ) tem o menor índice, com apenas 5,7%.

O levantamento também apontou desigualdades raciais na educação. Enquanto 25,8% da população branca concluiu o ensino superior em 2022, entre pretos essa taxa foi de 12,3% e entre pardos, 11,7%. A população amarela teve a maior média de anos de estudo (12,2 anos), seguida pelos brancos (10,5 anos), pardos (8,8 anos), pretos (8,7 anos) e indígenas (7,4 anos). As mulheres apresentam, em média, mais anos de estudo do que os homens (9,8 contra 9,3 anos).

Baixa representação racial em carreiras de prestígio

O levantamento também revelou a baixa presença de pessoas pretas em diversas profissões de alto prestígio e remuneração. Apenas 2,8% dos profissionais formados em medicina são pretos, enquanto brancos representam 75,5% dos graduados.

A tendência se repete em outras carreiras, como odontologia (74,4% dos formados são brancos e 2,6% são pretos), economia (75,2% de brancos), direito e engenharia. Em contrapartida, cursos como serviço social apresentam uma composição mais diversa, com 11,8% de pretos e 40,2% de pardos entre os formados.

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