Índice de alunos que abandonam ensino médio é o dobro de outros países

Veículo: O Globo - RJ
Compartilhe

O relatório "Education at a Glance", divulgado nesta terça-feira pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), evidencia mais uma vez os problemas do ensino médio brasileiro. De acordo com a pesquisa, cinco anos após ingressarem na etapa, 41% dos estudantes brasileiros tinham abandonado esse nível de ensino sem se formar, o que corresponde a quase o dobro dos 21% registrados em média nos outros 18 países com dados disponíveis.

A pesquisa mostra ainda que entre os alunos que entram no ensino médio do país, somente metade conclui a etapa no tempo esperado de três anos. A taxa é inferior à média de 68% dos países com informações para esse indicador. Entre os países com dados disponíveis estão Filândia, Holanda, Portugal, Chile, Noruega, entre outros.

Ao final dos três anos esperados para conclusão do ensino médio, 26% dos alunos brasileiros abandonam a etapa sem concluir. A média dos países com dados disponíveis ficam em 12%.

Os dados contribuem para gerar um cenário no qual mais da metade da população brasileira de 25 a 64 anos não tenha concluído o nível médio, enquanto entre os países membros da OCDE o percentual médio é de apenas 22%.

Para a presidente-executiva do Movimento Todos Pela Educação, Priscila Cruz, a evasão é explicada em grande parte pelos altos índices de repetência:

– A reprovação é o primeiro passo para evasão. E a gente ainda continua com uma prática de penalizar aluno por não ter aprendido. O aluno que fica mais velho não quer mais estudar com os novinhos. Para o jovem, a escola é um espaço importante de socialização, então o jovem tem vergonha de estar em uma classe mais nova. Além disso, o jovem brasileiro em especial acha que o ensino médio é uma etapa que ele pode sair e voltar depois, mas o que acontece é que ele acaba não voltando por diversos fatores.

Além da baixa conclusão, o acesso à etapa também está longe de ser universal. Entre a população brasileira de 15 anos de idade, apenas 53% está no ensino médio. A taxa sobe para 67% entre os jovens de 16 anos, mas volta a cair para 55% na faixa dos 17 anos. Já na população de pessoas com 18 anos, menos da metade está no ensino médio, na educação profissionalizante ou no ensino superior.

O tamanho do problema fica nítido quando comparado ao índice da média dos países do OCDE, nos quais 75% da população de 18 anos está no ensino médio ou em níveis superiores. Quadro que, segundo o relatório, compõe "desafios importantes" para o Brasil.