Jovens da Ceilândia retratam violência contra a juventude negra
A realidade retratada por uma imagem representa o olhar de quem está por trás da câmera sobre o fato. Quando jovens da periferia fotografam outros jovens e crianças da mesma periferia, para abordar temas como a redução da maioridade penal e a violência contra a juventude negra, o resultado parece ainda mais tangível. A iniciativa é do programa Jovem de Expressão e virou uma exposição: a Multiverso Expressivo. O material é produto final da oficina de fotografia oferecida pelo projeto para jovens entre 17 e 25 anos, em Ceilândia, cidade-satélite à 26 quilômetros da região central de Brasília (DF). A Multiverso Expressivo também traz 23 fotografias feitas pelos alunos durante a oficina. Leydiane Tiano, de 20 anos, participou do projeto. É dela uma das cinco fotos selecionadas para ilustrar a campanha contra a redução da idade penal, que compõe a exposição. “Cada um dos alunos tem um universo diferente e a gente tentou retratar isso na nossa exposição”, disse ela, que agora participa do Coletivo Expressão, grupo criado por ex-alunos do curso. De acordo com a fotógrafa e professora da oficina Tatiana Reis, inicialmente, o interesse dos jovens acontece por conta da atuação deles nas redes sociais. Durante a oficina, explica ela, o entusiasmo é estendido para um olhar sobre si e sobre a comunidade. “Quando a gente mostra a potência dessa ferramenta, eles passam a ampliar a visão sobre as possibilidades de se comunicar pela fotografia”, ressalta Tatiana Reis. Cerca de 300 jovens já participaram da oficina ao longo dos três anos do Jovem de Expressão, que é um programa social da Caixa Seguros. Durante ao último final de semana, sábado (5) e domingo (6), a Multiverso Expressivo foi uma das atrações do Elemento em Movimento, festival de cultura urbana, realizado na Ceilândia. Mas, segundo Tatiana Reis, a expectativa é que a exposição circule pelo Distrito Federal.