Minas perde mais de mil leitos pediátricos em seis anos
A população mineira com idade de zero a 19 anos reduziu apenas 0,9% de 2010 e 2016, segundo dados do IBGE. Mas o número de leitos pediátricos do Sistema Único de Saúde (SUS), voltados para atendimento dessa faixa etária quando precisam permanecer nos hospitais por mais de 24 horas, caiu infinitamente mais em Minas. A queda de espaços de internação para crianças no Estado foi de 24% na rede pública, passando de 4.303 para 3.266, segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).
A relação no número de leitos por habitante também teve piora, como mostram os dados apurados pela SBP junto ao Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), do Ministério da Saúde. Em 2010, existiam 7,04 áreas de internação para cada grupo de 10 mil habitantes. Já em 2016, passou a ser 5,39.
Na prática, essa redução significa um aumento no tempo de espera nas filas de internação e maior necessidade de deslocamento para buscar vagas em outras cidades. Isso sem contar com a piora nas condições de atendimento. É cada vez mais comum pacientes que deveriam ser internados receberem os cuidados nas salas destinadas ao Pronto Atendimento dos hospitais, como lembra a presidente da Sociedade Mineira de Pediatria (SMP), Maria do Carmo Barros de Melo.“A criança fica exposta a maior risco de infecções e sem privacidade”, afirma. Ela atribui a situação à falta de investimentos na pediatria do país.
Recursos
O presidente da Associação Médica Brasileira, Lincoln Lopes Ferreira, concorda que a falta de recursos tem levado a um “sucateamento” da saúde pública. “O que mais vemos são hospitais fechando as portas e reduzindo leitos, sobrecarregando ainda mais o sistema”, afirma.
Minas Gerais está dentre os dez Estados com maior redução no número de leitos pediátricos da rede pública. Nacionalmente, o corte foi de 21% entre 2010 e 2016.
O único Estado que teve resultado positivo foi o Amapá, com alta de 26% no período. Porém, ele é um dos que possuem o menor número de leitos pediátricos do país. São apenas 230 do SUS.
Em Belo Horizonte, a queda foi de 14%, passando de 575 para 493 no sistema público. A situação dos hospitais da capital impactam pacientes residentes também no interior, que são transferidos para atendimento na capital pela ausência de estrutura em algumas cidades.
Em nota, o Ministério da Saúde justifica a redução da oferta com a “ tendência mundial de desospita-lização”. E completa: “Dessa forma, tratamentos que antes exigiam internação passaram a ser feitos nos âmbitos ambulatorial e domiciliar”.
A Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte disse que o número de leitos atende a necessidade da população. Já Secretaria de Estado de Saúde não pronunciou.