Mundo precisa de professores nos anos iniciais e finais do fundamental

Veículo: Revista Educação - BR
Compartilhe

Para universalizar o acesso à etapa equivalente ao ensino fundamental até 2030, o mundo precisará de mais 3 milhões de professores nos anos iniciais (ensino fundamental I) e 5 milhões nos anos finais da etapa (ensino fundamental II). Os dados são do relatório A tea­cher for every child: projecting global teacher needs from 2015 to 2030 (Um professor para toda criança: projetando necessidades globais por professores de 2015 a 2030), do Instituto de Estatísticas da Unesco (UIS). A região em pior situação é a África subsaariana: nos anos iniciais da etapa, são necessários mais 2,1 milhões de novos professores; nos finais, cerca de 2,5 milhões. Nos próximos anos, os sistemas educacionais desses países devem sofrer a pressão do forte crescimento da população em idade escolar. Dados de 2012 apontam que a proporção de alunos por professor é maior do que 100 para 1 em países como República Centro-Africana, Chade, Guiné-Bissau e Sudão do Sul. De acordo com a Unesco, 58% dos países atualmente não têm professores suficientes para universalizar o acesso à educação primária. Projeções indicam que 30% ainda não terão um número suficiente em 2030. Por falta de estatísticas recentes para o cálculo, o relatório não cita diretamente o Brasil, mas dados do Observatório do PNE apontam que a universalização do ensino fundamental no país não está concretizada. Cerca de 500 mil crianças com idade entre 6 e 14 anos estão fora da escola – são, principalmente, as de famílias mais pobres, negras, indígenas e com deficiência. Em outro documento (Education for all global monitoring report 2015), a Unesco aponta que muitos países expandiram o quadro de professores até 2015 contratando profissionais sem a qualificação requerida pelos governos locais. É o caso do Brasil: dados do Censo Escolar de 2012 apontam que 22% dos professores da Educação Básica não têm formação adequada – são profissionais sem curso superior ou com diploma em outras áreas. Uma das causas centrais do déficit de professores, aponta a Unesco, é a crescente desvalorização da profissão em grande parte do mundo. Uma pesquisa da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) feita em 15 países em 2013 aponta que menos de 33% dos professores acreditam ter uma profissão valorizada pela sociedade – em 2008, eram 60%. O valor dos salários tem impacto direto sobre o prestígio e a atratividade da profissão, diz o relatório da Unesco. A experiência de países que conseguiram elevar o status dos professores aponta que o caminho passa por melhorias na formação e nos salários (FS).