Novo endereço faz garota desistir de sonho e irmão largar estudo
Desde pequena, Raquel (nome fictício, de 14 anos, sonha ser atriz. Há quatro anos, ela conseguiu uma bolsa no Theatro Municipal de São Paulo (SP) para estudar balé, um importante passo na futura carreira. Mas, em 2013, quase na metade do curso, abandonou o salão espelhado, as sapatilhas e o tutu. Antiga moradora do Buraco Quente, comunidade ao lado do aeroporto de Congonhas, a família da garota foi uma das desapropriadas em função da obra do monotrilho Linha 17 – Ouro. Raquel deixou o balé por falta de tempo. Como não conseguiu vaga em escola perto da nova moradia, gasta quase cinco horas no trânsito para estudar: sai de casa às 10h30 e volta às 20h. Por isso, a carreira artística ficou em segundo plano. O irmão mais velho de Raquel, Fábio (nome fictício), de 17 anos, também foi impactado pela mudança. A indenização recebida devido à desapropriação permitiu à família comprar um lote na zona Sul de São Paulo, mas não erguer a casa. Hoje, Regina, o marido e os filhos moram de aluguel no Jardim Selma, a 12 km do Buraco Quente. Raquel e Fábio fazem parte do grupo de 57,3 mil a 76,5 mil brasileiros de zero a 19 anos que vivem nas cidades-sede do Mundial de futebol e foram impactados pela Copa. Esta reportagem é fruto de uma das pautas vencedoras do VII Concurso Tim Lopes de Jornalismo Investigativo, cujo resultado foi divulgado no final de 2013.