Número de denúncias de fotos e vídeos de exploração sexual infantil pela internet quase dobrou

Veículo: Jornal Nacional - BR
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Uma vez por semana, os alunos de uma escola na Zona Sul do Rio discutem temas que fazem parte do dia a dia, como por exemplo, comportamento na internet.

“Eles dominam, de fato, a tecnologia, mas talvez não dominem a reflexão. Muitas vezes, eles nem imaginam o que pode acontecer diante de um crime virtual. Então, a ideia é que eles possam ter esse espaço seguro, não só para tirar dúvidas como para se informar da maneira correta”, conta a professora Antônia Burke.

“Tem muita pessoa que tem insegurança com os pais e não consegue falar, se abrir com eles. Bastante, né? E aqui, às vezes, você pode encontrar pessoas que você pode se abrir, tipo professores, amigos, amigas”, diz o estudante Caio Leal.

“Por conta das amizades virtuais, às vezes conhece uma figurinha que está de um personagem e, às vezes, é uma pessoa completamente diferente. Isso acontece muito”, relata a estudante Beatriz Braga.

Um levantamento da ONG brasileira Safernet, que atua na defesa dos Direitos Humanos na internet, mostrou que os crimes virtuais contra crianças e adolescentes estão cada vez mais comuns.

O número de novas denúncias com imagens de abusos e exploração sexual infantil no Brasil aumentou quase 79% nos primeiros dez meses de 2023, na comparação com o mesmo período de 2022. Entre janeiro e julho, foram 60.765 denúncias. Enquanto em 2022, foram menos de 34 mil.

A ONG criou uma tecnologia que detectou 963 palavras utilizadas por abusadores para produzir, compartilhar e até aliciar crianças e adolescentes. A ONG identificou mais de 100 mil páginas que reuniam conteúdo de violência sexual.

“Essa base de dados será disponibilizada para as autoridades brasileiras, que terão capacidade de melhorar as suas técnicas de investigação. As plataformas terão capacidade de detectar a presença desses conteúdos, e também pesquisadores que ajudarão a mapear o modus operandi e a prevalência desse crime no Brasil, mas também em outros países”, explica Thiago Tavares, presidente da Safernet Brasil.

A escola precisa debater, a tecnologia precisa ser aprimorada, mas nada disso funciona se não tiver o básico: o diálogo dentro de casa. A esteticista Andreia Lima libera o uso das redes sociais para a filha, a estudante Maria Paula Lima Mariano, mas tudo com supervisão.

“Eu acho chato às vezes, mas entendo que isso é para a minha privacidade. Que é tipo, se alguma pessoa fizer alguma coisa de errado comigo, minha mãe vai entender, vai saber”, conta Maria.

“Tenho que monitorar o tempo todo e isso faz parte da criação. É um desafio muito grande, porque eles já nasceram dentro da tecnologia. Eu tento monitorar sempre, sempre, sempre, justamente para que não tenha nenhuma falha nesse sentido”, diz Andreia.

 

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