O humor de crianças e adolescentes é mais sensível às ‘curtidas’ das redes do que os adultos, mostra pesquisa
A adolescência é um período crucial na vida das pessoas, marcada por uma sensibilidade aumentada à aprovação e rejeição dos colegas. Onde 300 curtidas de estranhos é mais importante do que as dez da família. Uma equipe de pesquisadores liderada pela Universidade de Amsterdã usou dados reais de mídia social para mostrar que os jovens podem de fato ser mais sensíveis ao feedback de mídia social (curtidas) do que os adultos.
Isso impacta diretamente o engajamento e o humor desses jovens bem como escancara os problemas para o bem-estar social e psicológico deles.
Os pesquisadores usaram uma abordagem tripla para examinar a questão. Primeiro, eles analisaram um grande conjunto de dados de postagens reais do Instagram e usaram um modelo computacional para capturar a sensibilidade a curtidas. Em segundo lugar, veio um estudo experimental que imitou os recursos das plataformas de mídia social e poderia ser usado para rastrear mudanças de humor.
Por último, um estudo exploratório de neuroimagem mostrando que a sensibilidade ao feedback da mídia social está relacionada a diferenças individuais no volume da amígdala.
Os três estudos mostraram evidências convergentes de que os jovens podem de fato ser mais sensíveis ao feedback da mídia social do que os adultos. Um dos medos em torno das mídias sociais é que elas podem provocar ansiedade em jovens, levando-os a continuar usando os aplicativos mais do que gostariam para que possam reunir mais e mais curtidas.
“A adolescência é um período de desenvolvimento durante o qual tanto a sensibilidade à recompensa quanto à rejeição é particularmente forte, e estas têm sido, respectivamente, associadas ao aumento do comportamento impulsivo e aos sintomas depressivos”, afirma Wouter van den Bos, pesquisador da Universidade de Amsterdã.
A pesquisa também revelou um paradoxo no qual embora receber curtidas pareça gerar um sentimento de conexão e possa melhorar o humor dos jovens, esse resultado pode criar atração exagerada pelos aplicativos e consequentemente levar ao uso excessivo e problemático.
Por outro lado, dada a sensibilidade dos jovens, eles deixariam de usar as plataformas mais cedo do que os adultos se não recebessem curtidas. Entretanto, isso poderia levá-los a quadros psicológicos negativos.
Como formas de mudança, os pesquisadores sugerem que as plataformas digitais possam mudar as estruturas de incentivo — as curtidas — para algo mais significativo que desenvolva uma regulação emocional hábil em ambientes online.
“Dadas as crescentes preocupações sobre o impacto das mídias sociais na saúde mental, é crucial que entendamos melhor como os jovens se envolvem e respondem às mídias sociais, ao mesmo tempo em que abordamos os aspectos únicos de seus estágios de desenvolvimento”, afirma a autora principal do estudo, Ana da Silva Pinho.
Para saber mais sobre o direitos das crianças, conheça a newsletter Infância na Mídia.