Obesidade infantil preocupa especialistas da saúde
22/11/2023 Veículo: Revista Encontro
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Obesidade infantil: 7% das crianças menores de 5 anos estão com excesso de peso no Brasil. Condição pode ser porta de entrada para doenças graves
A obesidade infantil é uma ameaça global à saúde de crianças e adolescentes que vivem na contramão da boa alimentação e atividade física. O excesso de telas e as facilidades da vida moderna contribuem para que eles troquem as brincadeiras ao ar livre por aparelhos celulares, tablets e series de televisão. Além disso, o alto consumo de alimentos processados também é um fator determinante no que diz respeito à saúde infantil. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), em 2025 o número de crianças obesas no mundo deve chegar a 75 milhões. Já o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostra que uma a cada três crianças entre 5 e 9 anos de idade estão acima do peso no Brasil. Os números são preocupantes e além de desencadear problemas de ordem física, a obesidade também é um fator que prejudica a saúde mental da criança, que pode sofrer com a falta de auto estima e bullying.
“A obesidade infantil pode ser causada por diversos fatores, como hereditariedade, má alimentação, sedentarismo, disfunção da tireoide, etc. Atualmente, em função do aumento acelerado no número de crianças acima do peso, podemos dizer que a obesidade está muito mais relacionada aos hábitos de vida do que a um fator hereditário, por exemplo. O importante é que pais e responsáveis estejam atentos às condições de saúde da criança e que busquem por ajuda profissional para estabelecer uma mudança de hábitos geral. Ofertar e incentivar o consumo de alimentos naturais e que sejam minimamente processdaos é fundamental para ajudar na criação de hábitos de vida mais saudáveis; bem como estimular a prática de atividades físicas de maneira lúdica, através de brincadeiras, como pular corda, correr, jogar bola”, diz a pediatra Melissa Lacerda.
Uma das grandes preocupações da obesidade infantil está relacionada com as outras doenças que podem surgir em função do excesso de peso: hipertensão, diabetes, colesterol alto e doenças cardiovasculares; que antes acometiam em sua maioria os adultos, hoje afetam as crianças como nunca se viu antes. O Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani), divulgado em 2022 pelo Ministério da Saúde, revelou que 7% das crianças brasileiras menores de cinco anos estão com excesso de peso e 3% têm obesidade. “Hoje em dia a exposição a alimentos ultraprocessados e o poder maçante da publicidade direcionada para o público infantil em cima de alimentos pobres do ponto de vista nutricional; contribui com o consumo exagerado de salgadinhos, refrigerantes, fast foods e tantos outros tipos de alimentos embalados, prontos para o consumo, bastando apenas desembrulha-los”, alerta a Dra. Melissa.
Descascar mais e desembrulhar menos
Algumas mudanças e muita persistência podem ser a chave para um resultado de longo prazo, evitando não somente a obesidade, mas problemas de saúde futuros que prejudicam a qualidade de vida com um todo. Alimentação saudável e balanceada, mais atividade física, contato com a natureza e socialização atrelada a menos tempo de telas é a combinação ideal e equilibrada de promoção da saúde e bem-estar. “O exemplo começa em casa. A criança come o que os pais ou responsáveis comem e ofertam a ela. Este movimento de mudança de hábitos beneficia todo o núcleo familiar. A desinformação e os próprios artifícios da indústria de alimentos para mascarar determinados produtos também contribuem para que muitas famílias sejam enganadas, consumindo um ou outro alimento sem ter o verdadeiro conhecimento do alto teor de açúcar, sódio ou gordura que aquele produto levado para dentro de casa pode conter. Agora, com a medida determinada pela ANVISA (Agência de Vigilância Sanitária), produtos com alto teor de sal, gordura saturada e açúcar adicionado precisam ter esta informação em destaque no rótulo. Acredito com esta informação e sabendo dos malefícios que aquele alimento pode causar na saúde, muitas pessoas irão repensar seus hábitos alimentares e o de suas crianças”, destaca a pediatra.