Observatório detalha impactos da pandemia no desenvolvimento das crianças

Veículo: Correio Braziliense - DF
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Segundo o Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância), apenas 11,4% dos jovens com menos de 14 anos receberam as três doses do imunizante

Observatório
Foto: Reprodução/Unsplash/ Mufidmajnun

A implementação de políticas públicas destinadas à recuperação da confiança da população nas vacinas e na alfabetização de crianças tornou-se uma prioridade do governo. A cobertura vacinal completa contra a covid-19 em crianças ainda é surpreendentemente baixa, acendendo um alerta para a persistência no número de mortes causadas pela doença nesse grupo vulnerável. Segundo o Observatório de Saúde na Infância (Observa Infância), apenas 11,4% dos jovens com menos de 14 anos receberam as três doses do imunizante.

Desde 2023, a vacina está disponível para crianças a partir de 6 meses de idade, com um esquema vacinal completo. O boletim revela que a aplicação do imunizante diminui conforme a faixa etária das crianças. Apenas 6,3% das crianças de 6 meses a 2 anos de idade completaram o ciclo de três aplicações, enquanto na faixa de 5 a 11 anos, esse número corresponde a 12,8%.

Em relação às mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) entre crianças, comparado aos anos de 2021 a 2024, nota-se que a quantidade de óbitos diminuiu em 2023, quando a vacinação para crianças já estava disponível. No entanto, ainda há a persistência de mortes em 2024.

O pediatra e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, destacou que as taxas de cobertura vacinal no Brasil vêm diminuindo desde 2015, sendo agravadas pela pandemia de covid-19. “A politização da saúde, especialmente das vacinas, trouxe um prejuízo não só para a pandemia de covid-19, mas respingou em toda a confiança da população nos imunizantes. Precisamos recuperar essa confiança.”

Os efeitos não param na saúde. De acordo com o Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 56% das crianças não alcançaram o nível de alfabetização esperado, ou seja, milhares de pequenos estudantes frequentam a escola sem dominar as habilidades básicas de leitura e escrita.

A situação já era crítica antes mesmo da pandemia, com quase 40% das crianças do segundo ano não alfabetizadas. Mas, pela emergência se agravou com os reflexos da maior crise sanitária e hospitalar da história do país, reduzindo os dias letivos, dificultando o acesso aos materiais educacionais e falta de suporte adequado aos alunos por parte dos profissionais da educação.

Segundo a secretária-executiva do Ministério da Educação do Brasil (MEC), Izolda Cela, a situação já era crítica antes mesmo da pandemia, mas a emergência se agravou com os reflexos da maior crise sanitária. “Temos que ter o sentido de urgência em relação aos desafios da Educação Básica. Até porque eles já existiam antes da pandemia e só se agravaram. O Brasil tem como foco/priorização três políticas nacionais: educação em tempo integral, alfabetização de todas as crianças e conectividade em todas as escolas”, afirmou.

Para tratar sobre os impactos da pandemia na população infantojuvenil, Brasília recebe, de hoje a quinta-feira, a 12ª Conferência Nacional dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes. O encontro reunirá autoridades governamentais, representantes da sociedade civil e especialistas. A expectativa é de que aproximadamente 1,3 mil pessoas participem da conferência.

O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, destacou a importância do evento para a construção de diretrizes que orientarão as políticas públicas da pasta. “A conferência é uma oportunidade de promover ampla mobilização social nas esferas municipal, estadual e federal. É um momento de pensar no futuro dessa população tão importante para o nosso país. Cuidar das crianças e dos adolescentes do Brasil é um dever coletivo”, disse em vídeo publicado em suas redes sociais.

 

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