Os escravos da indústria da moda
Em 2010, fiscais da Divisão de Fiscalização para Erradicação do Trabalho Escravo, órgão vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), resgataram 2.628 trabalhadores, entre urbanos e rurais. No ano seguinte, outros 2.491 foram libertados, entre eles algumas costureiras que trabalhavam em oficinas que vendiam produtos para redes, como a espanhola Zara, do grupo Inditex – gigante do segmento da moda. Seu proprietário é o multimilionário Amâncio Ortega, que consta da lista dos homens mais ricos do mundo. O boicote dos consumidores e as medidas restritivas adotadas pelo poder público são parte do cerco ao trabalho escravo, que conta ainda com o poder de pressão dos próprios investidores. O trabalho escravo, inclusive infantil, é assunto recorrente nos estudos da carioca Lilian Berlim, autora do livro "Moda e sustentabilidade". “Nesse momento, existem 100 milhões de pessoas no mundo plantando, regando, pulverizando, descaroçando algodão, tecendo, cortando, tingindo, costurando, bordando, tricotando, empacotando e vendendo roupas. Não se sabe ao certo quantas dessas pessoas trabalham em condições degradantes e quantas delas são crianças”.