‘Pai, mãe e filhos’ já não reinam mais nos lares
A família brasileira se multiplicou. O modelo de casal com filhos deixou de ser dominante no Brasil. Pela primeira vez, o censo demográfico captou essa virada, mostrando que os outros tipos de arranjos familiares estão em 50,1% dos lares. Hoje, os casais sem filhos, as pessoas morando sozinhas, três gerações sob o mesmo teto, casais gays, mães sozinhas com filhos, pais sozinhos com filhos, amigos morando juntos, netos com avós, irmãos e irmãs, famílias "mosaico" (a do "meu, seu e nossos filhos") ganharam a maioria. O último censo, de 2010, listou 19 laços de parentesco para dar conta das mudanças, contra 11 em 2000. Os novos lares somam 28,647 milhões, 28.737 a mais que a formação clássica.
Só pai ou mãe – São 10,197 milhões de famílias em que só há mãe ou pai. Enquanto as famílias de pais sozinhos são poucas, as de mães sozinhas correspondem a 15,5% dos lares. O crescimento dos divórcios (a proporção de pessoas separadas passou de 1,7% em 2000 para 3,1% em 2010) e a independência feminina justificam isso. “A mulher assumiu o controle de seu destino. Controle da sexualidade e da maternidade, com a reprodução assistida”, afirma Ana Amélia Camarano, demógrafa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).