Palmada não educa e tem consequências negativas

Veículo: Folha de S. Paulo - SP
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Estudos realizados em várias partes do planeta demonstram uma associação clara entre os castigos físicos e problemas como depressão, ansiedade e vícios, que podem começar na infância e se estender para a vida adulta. Dois pesquisadores do Canadá – a psicóloga Joan Durrant, da Universidade de Manitoba, e o assistente social Ron Ensom, do Hospital Infantil de Eastern Ontario – analisaram 20 anos de pesquisas sobre os efeitos dessa prática. A conclusão: "Nenhum estudo mostrou que a punição física tem efeito positivo, e a maior parte dos estudos encontrou efeitos negativos". Bater em uma criança só a ensina a usar agressão, segundo outro pesquisador do tema, George Holden, da Universidade Metodista do Sul, de Dallas, Texas, sul dos EUA.

Brasil – Pesquisa de 2010 com 4.025 pessoas com mais de 16 anos em 11 capitais do País revelou que 70,5% sofreram alguma forma de castigo físico quando eram crianças, segundo o cientista social Renato Alves, pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP. "É difícil fazer pesquisa com criança", diz Alves. “Ainda mais porque os pais estão juntos e eles podem estar castigando os filhos”, completa. Para o pesquisador, há pouca chance de a Lei da Palmada vingar no Brasil. “Um adulto bater em outro é crime, mas um adulto bater na sua criança não é”, ironiza.