Paranoá ganha escola pública com metodologia inovadora

Veículo: Veículo não definido - BR
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Uma nova forma de trabalhar a educação. Foi sobre esta proposta que a Escola Classe Comunidade de Aprendizagem do Paranoá (CAP) teve o primeiro dia de aula na última quarta-feira (2). Lá, o ensino por meio de projetos ganha protagonismo. A iniciativa é pioneira no Distrito Federal. Além da inovação pedagógica, a unidade  vem para solucionar a demanda dos alunos do Paranoá. E não para por aí: outros dois prédios já foram alugados e passam por reformas para abrigar todos os estudantes da região administrativa que estão em escolas provisórias, dentro e fora do Paranoá, além de atender a demanda de vagas que surgem eventualmente ao longo do ano. A expectativa é de que cerca de 3 mil estudantes sejam alocados nessas novas escolas, já no segundo semestre deste ano.

A maioria dos quase 560 alunos da CAP vem da Escola Classe 8 do Cruzeiro, enquanto os demais são do Centro de Educação da Primeira Infância Gavião, no Lago Norte. As crianças foram divididas entre os turnos matutino e vespertino. São estudantes da educação infantil e dos três anos iniciais do ensino fundamental.

Ana Vitória Ferreira dos Santos, de 8 anos, está no 3º ano do ensino fundamental. Ela foi uma das beneficiadas com a chegada da nova escola no Paranoá. “A do cruzeiro era longe e a gente ficava muito tempo no ônibus. Agora a gente precisa andar só um quilometrozinho (sic), é bem rapidinho. Na sala mudou muitas coisas. Fiz dever legal. Aprendemos muito”, conta.

Além do tradicional

O CAP foge da estrutura convencional de escolas, onde o espaço de ensino é separado por salas e formado por carteiras enfileiradas de frente para um quadro negro. “Além da inauguração de uma nova escola para a comunidade, mais do que isso, essa é uma escola com uma proposta diferenciada onde as crianças não serão enturmadas nem por ano nem por faixa etária, mas sim por características que propiciem o protagonismo dos estudantes e a participação das famílias em espaços educativos. Estamos rompendo aquela ideia da escola tradicional, para uma proposta em que o alunos participem, interajam entre si e, sobretudo, desenvolvam a capacidade, a criatividade e a iniciativa”, explica o secretario de estado de educação do DF, Júlio Gregório Filho.

A ideia é que os estudantes proponham temas e os desenvolvam por meio de projetos, oficinas e roteiros de estudo. Os alunos serão instigados a aprender diante de problemas da comunidade que, por sua vez, deve se envolver com o cotidiano escolar. “Em termos práticos, as crianças trabalham por projetos construídos a partir dos interesses delas. Então nosso objetivo é promover um aprendizado que seja significativo e que esse projetos dialoguem com questões reais da comunidade” observa a diretora da unidade, Renata Resende. “É um desejo grande de muitas pessoas que se encontram na educação. Um desejo de que a educação ultrapasse os muras da escola, de que a aprendizagem não aconteça apenas no colégio. Ela acontece no mundo e é isso que pretendemos trabalhar”, completa a professora Dianne Prestes.

Apesar de não haver aplicação de provas na unidade de ensino, a CAP poderá avaliar o desenvolvimento das crianças usando outros instrumentos. “A gente segue a proposta da Secretaria de Educação do DF, que é uma avaliação processual, continua e qualitativa. O que o educando faz na escola acaba sendo registrado e a gente consegue construir um portfólio digital de tudo que as crianças produziram naquele período. Dessa forma podemos gerar um relatório que é apresentado aos pais no final do bimestre”, revela a diretora da Comunidade de Aprendizagem do Paranoá, Renata Resende Silva Ferreira.

Estrutura

O prédio alugado abriga a estrutura principal da Comunidade de Aprendizagem do Paranoá. O local é dividido em três ambientes amplos, semelhantes a galpões. Como o espaço é compartilhado os estudantes não são agrupados no local de acordo com faixa etária ou ano. Há ainda salas multimídia, playground, laboratório, refeitório e ateliê de artes, entre outros.

Vinte e seis pessoas compõe a equipe que topou o desafio de implementar a Comunidade de Aprendizagem no Paranoá. Os profissionais conferiram experiências semelhantes em outras unidades da Federação, como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Além disso, o processo de formação contou com a colaboração da Universidade de Brasília (UnB) e do pedagogo português José Pacheco, que encabeçou a criação da Escola da Ponte em Portugal – esta não tem divisão por séries, e os alunos definem áreas de interesse e desenvolvem projetos de pesquisa.