PE: Bebês vendidos a R$ 6 mil
Por meio de uma página do Recife no Facebook, um bebê pode ser adquirido por até R$ 10 mil. O contato inicial é feito em uma fanpage como a "Quero doar. Adotar seu bebê-Recife PE", criada em três de julho, que é uma entre dezenas de páginas da rede social que se propõem ao mesmo fim. Nela, pelo menos quatro mulheres já demonstraram interesse em usar a web para conhecer futuros tutores dos filhos. Duas delas, por dinheiro. O esquema nem sempre fica explícito. Daiane, como se apresenta uma mulher, supostamente de São Paulo, anuncia: "Estou grávida de seis meses. Não tenho como cuidar, com as necessidades que uma criança merece (sic)" e divulga um contato de e-mail. Não mais que um par de mensagens depois, a mulher conduz a conversa para uma negociação. Procura saber de onde parte o contato e se é feito por um casal heterossexual, antes de garantir que há um casal de Londrina (PR) já interessado e dizer: "R$ 7 mil. Pode ser metade e metade”.
Lei esbarra na cultura da “adoção afetiva” –Desde que sofreu modificações, em 2009, a lei que altera os métodos de adoção e cria o cadastro nacional ainda não conseguiu vencer os entraves culturais da chamada "adoção consentida", como era conhecida a prática de entregar bebês a desconhecidos ou deixar crianças em portas de casas. Foi para coibir esse tipo de abandono que a legislação passou a limitar os processos adotivos a pessoas com ligações unilaterais (enteados), de família extensa (parentes próximos) ou afetivas (que inclui vizinhos e amigos que comprovem a relevância para a vida da criança). "Ainda há dificuldade da adaptação, porque a mentalidade não muda da noite para o dia. O processo hoje é mais minucioso para proteger a criança e também os pais, no futuro", explica a coordenadora do Núcleo de Adoção da 2ª Vara da Infância e Juventude da Capital, Edineide Silva.