Perigo nas redes sociais
De um lado, um jovem carioca, universitário de boa aparência, bom de conversa e convincente. Do outro, uma adolescente cujo sonho é ser modelo de uma grande agência. Pela internet, o estudante Y., de 30 anos, selecionava as vítimas e se passava por agenciador. Como num ritual, prometia lançar na moda desde crianças de seis anos a mulheres de 28, sempre enviando o mesmo convite pelas redes sociais: "Seleciono e preparo jovens para serem profissionais da moda. Se você é jovem, bonita e quer sucesso, fale com a gente!". O ingresso para o glamour das passarelas era o envio de fotos das candidatas nuas, exigência de Y. que, em quatro anos, enganou mais de cem garotas, e reuniu sete mil contatos e oito mil arquivos de imagens de pornografia infanto-juvenil. Condenado a 11 anos e três meses de prisão, o pedófilo confessou na Justiça a produção do material.
Faltam ações educativas– Em sete anos, a Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos da SaferNet Brasil registrou 148 denúncias de pornografia infantil no País. O diretor de Prevenção da SaferNet, o psicólogo Rodrigo Nejm, diz que o caso de Y. não é o mais frequente entre as denúncias recebidas pela instituição, porém é o mais grave. “Conforme aumenta o número de usuários no Brasil, tende a crescer também o número de pessoas que cometem crimes pela internet. Apesar de haver mais crianças com acesso à internet, não cresce, na mesma proporção, a quantidade de ações educativas, de uso do espaço cibernético de forma cuidadosa, evitando o contato com criminosos. Falta essa conscientização”. Para ele, não é preciso privar crianças e adolescentes da internet, e sim assegurar o acompanhamento por pais e professores. O diretor de Prevenção da SaferNet Brasil aconselha jovens e pais a não acreditarem em qualquer pessoa que faz um convite pela internet.