PR: Pedagogia das ternuras infantis
“E quem disse que crianças não podem gostar de música clássica?”, perguntava o diretor Nélio Spréa, ao fim do espetáculo Villa das Crianças, em Curitiba (PR). A transposição cênica dos estudos culturais de Heitor Villa-Lobos acerca do universo infantil, mais precisamente de suas pesquisas com as cirandas, de origem portuguesa, pode bem ter feito muitos pais se perguntarem a mesma coisa. Por quase uma hora de um sábado à tarde tinha o blockbuster Peppa Pig no mesmo horário, a atriz Katia Horn e o Quarteto Pantalla envolveram uma plateia inquieta e entregaram um apanhado musical pautado por duas qualidades pouco em voga no cenário cultural como um todo: honestidade de princípios e clareza de ideias. Na primeira base, o musical primou por se vestir de elementos simples e agregar as crianças de um jeito natural, sem excessos de mise-en-scène ou redução completa de significados. Quem esteve lá, viu a romaria de crianças que quase tomou conta do palco para cantar “Marcha Soldado” e o momento-mastigador-de-corações, quando um coro infantil surgiu cantando “Nesta Rua”.