Prescrições de bloqueadores de puberdade para crianças e adolescentes dobraram nos EUA desde 2017, diz estudo

Veículo: Revista Crescer - SP
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As prescrições de bloqueadores de puberdade e de terapia hormonal para menores de 18 anos dobrou entre 2017 e 2021 nos EUA, de acordo com Patrick Brown, membro do Centro de Ética e Política Pública de Washington, DC, nos Estados Unidos em coletiva de imprensa na segunda (19). O número de crianças norte-americanas com disforia de gênero também mais do que dobrou nos últimos anos.

Os dados de Patrick são baseados em relatórios de seguradoras de saúde e vão de encontro a estudos que mostram que o número de cirurgias de mudança de sexo em crianças cresceu 13 vezes na última década.

Diante de tais números, o debate sobre se deve haver restrições quando se trata de mudança de gênero em crianças se intensificou nos últimos meses, à medida que um número crescente de ex-pacientes se mostraram arrependidos de ter feito o procedimento, de acordo com o Daily Mail.

Ainda assim, os dados mais recentes coletados pelo Komodo Health, uma empresa de análise que monitora reivindicações de seguro de saúde para provedores de saúde públicos e privados nos EUA, como o Medicaid, verificaram que houve 1.390 prescrições de bloqueadores de puberdade para crianças de seis a 17 anos em 2021, o que seria mais que o dobro das 633 reivindicações registradas em 2017, cinco anos antes.

Os bloqueadores da puberdade retardam o aparecimento de características sexuais secundárias, como pêlos faciais e voz mais grave em meninos e o aumento dos seios em meninas. Alguns médicos argumentam que isso dá aos pacientes tempo para decidir se gostariam de continuar com o tratamento transgênero, antes que seu corpo amadureça em um sexo que não se alinha com sua identidade de gênero.

Já em relação à terapia hormonal – que pode desencadear algumas características sexuais secundárias do gênero desejado – houve 4.231 reclamações em 2021 em comparação com 1.905 em 2017.

A Komodo Health também analisou reivindicações relacionadas ao diagnóstico de disforia de gênero. Os sinistros triplicaram, passando de 15.172, em 2017, para 42.167, em 2021. O aumento mais acentuado ocorreu nos últimos dois anos.

Os estados que registraram aumentos mais acentuados foram Nova York, onde quadruplicaram em cinco anos, e a Califórnia, onde dobraram.

Entenda os termos

Sexo biológico é identificado segundo o genital com o qual nascemos. A pessoa pode ser do sexo masculino, feminino ou intersexo, que são os hermafroditas.

Gênero é o conjunto de características e aspectos sociais atribuído ao sexo biológico, está ligado a construções sociais.

Identidade de gênero é algo relacionado à pessoa e não tem a ver com a construção social, é a forma como a pessoa se sente, que pode se identificar ou não com o seu sexo biológico.

Cisgêneros são pessoas cuja identidade de gênero se identificam com o sexo biológico.

Disforia de gênero é o desconforto com o gênero que lhe foi atribuído e a não identificação com o sexo de nascimento.

Transgênero é a forma extrema da disforia de gênero. A incongruência entre o sexo biológico (como nasci) e a identidade de gênero (como me sinto).

Orientação sexual é por quem a pessoa sente atração sexual. Não é uma opção, é inato.

Igualdade de gênero é o conceito que define a equivalência social entre os vários gêneros, em justiça e oportunidades.

“Ideologia de gênero” é um termo inventado não reconhecido no mundo acadêmico e utilizado por pessoas contrárias aos estudos de gênero que se iniciaram nas décadas de 60 e 70 na Europa e nos Estados Unidos.