Relatório da OCDE aponta dificuldades educacionais de estudantes imigrantes

Veículo: Agência Brasil - BR
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Um amplo estudo realizado pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostrou que as desvantagens socioeconômicas e as barreiras linguísticas são os maiores obstáculos ao sucesso na escola para estudantes de famílias de imigrantes. O documento é lançado em um momento no qual o fenômeno da migração atinge mais de 258 milhões de pessoas em todo o mundo.

O relatório, intitulado The Resilience of Students with an Immigrant Background: Factors that Shape Well-Being (A resiliência de estudantes de origem migrante: fatores que moldam o bem-estar, em tradução livre), mostra que as dificuldades costumam afetar particularmente os imigrantes de primeira geração – estudantes que nasceram no estrangeiro ou que têm pais nascidos no estrangeiro.

O texto aponta como os fluxos de migração estão mudando profundamente a composição das salas de aula. Os resultados do Programa da OCDE para Avaliação Internacional de Estudantes (PISA) revelam que, em 2015, quase 25% dos estudantes de 15 anos de idade nos países da OCDE eram estrangeiros ou tinham pais estrangeiros.

De acordo com a pesquisa, cerca de 50% dos alunos de origem imigrante não conseguiram atingir as habilidades acadêmicas básicas em leitura, matemática e ciências. Entre os alunos nativos, ou seja, os que não têm origem estrangeira, a proporção é de um em cada quatro.

O relatório mostrou que os estudantes imigrantes sentiam um menor senso de pertencimento na escola do que os estudantes nativos, relatavam menos satisfação e maior ansiedade relacionada com o trabalho escolar. No entanto, muitos também expressaram altos níveis de motivação para alcançar melhor desempenho.

O baixo rendimento acadêmico entre estudantes com antecedentes de imigrantes é particularmente alto na Áustria, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Luxemburgo, Eslovênia, Suécia e Suíça. Nesses países, entre os alunos que não atingiram os mínimos acadêmicos, os estudantes imigrantes que são mais do que o dobro.

Os alunos imigrantes são mais propensos a frequentar escolas com um pior clima disciplinar e uma maior prevalência de faltas. Além disso, são mais propensos a serem vítimas de bullying e serem tratados de forma injusta pelos professores.

Tudo isso contribui para diferenças entre estudantes nativos e imigrantes no desempenho acadêmico e no bem-estar. No entanto, muitos estudantes imigrantes informam que seus professores proporcionam suporte adicional, uma indicação da vontade dos professores de apoiá-los efetivamente.

A língua também é determinante. Os alunos imigrantes que não falam a língua do país em suas próprias casas têm resultados piores no teste PISA do que os estudantes imigrantes que falam a língua nativa.

O relatório fornece ainda uma análise aprofundada dos fatores de risco e proteção que podem prejudicar ou promover a resiliência dos estudantes imigrantes. Ele explora o papel que os sistemas educacionais, escolas e professores podem desempenhar para ajudar esses alunos a se integrarem às suas comunidades, superar adversidades e construir uma vida acadêmica, social, emocional e motivacional.

De acordo com o estudo, os professores têm um papel fundamental a desempenhar para ajudar os alunos a se adaptarem em suas salas de aula e na sociedade em geral. Eles devem receber mais apoio e treinamento para lidar com aulas cada vez mais multiculturais, abordando o bullying e envolvendo pais de estudantes imigrantes.

Os 35 países-membros da OCDE são: Áustria, Bélgica, Dinamarca, França, Grécia, Islândia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Noruega, Países Baixos, Portugal, Reino Unido, Suécia, Suíça, Turquia, Alemanha, Espanha, Canadá, Estados Unidos, Japão, Finlândia, Austrália, Nova Zelândia, México, República Tcheca, Hungria, Polônia, Coreia do Sul, Eslováquia, Chile, Eslovênia, Israel, Letônia e Estônia. O Brasil não é membro, mas é um país parceiro da OCDE.