Relatório mostra que mortalidade infantil entre nortistas é a maior de todo o País

Veículo: A Crítica - AM
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A Região Norte ainda concentra alguns dos piores cenários para os nossos baixinhos, revela a edição 2017 do Cenário da Infância e da Adolescência no Brasil da Fundação Abrinq, que foi lançada na última segunda-feira, dia 20. Os dados estatísticos mostram números preocupantes, como na taxa de mortalidade infantil (para cada mil nascidos vivos): na Região Norte ela é a maior do País segundo o relatório: 15,2 crianças, seguida do Nordeste, com 14.

A publicação chama a atenção sobre o fato de as regiões que mais concentram crianças e adolescentes no Brasil apresentarem, justamente, os piores indicadores sociais. Neste caso, o Norte tem a maior população de 0-19 anos concentrada na região: 36,6%. E um total de 25% dos bebês dos nascidos na Região Norte são de mães com menos de 19 anos de idade.

Entre as regiões que apresentam a maior concentração de pobreza (pessoas que vivem com renda domiciliar per capita mensal igual ou inferior a meio salário mínimo), o Nordeste e o Norte do País continuam apresentando os piores cenários, com 60% e 54% das crianças, respectivamente, vivendo nessa condição.

No Brasil, 40% das crianças entre 0 e 14 anos vivem na pobreza, 18,4% dos homicídios no País são contra menores de 19 anos (pouco mais de 80% desses casos ocorreu pelo uso de armas de fogo; o Nordeste concentra a maior proporção de homicídios de crianças e jovens por armas de fogo e supera a proporção nacional em 5,4 pontos percentuais) e 70% das crianças não têm acesso à creche no País.

A edição 2017 mostra que, embora haja a redução de 659 mil crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil na faixa de 10 a 17 anos na comparação entre os anos de 2014 e 2015 – segundo dados da Pnad 2015 – houve um aumento de 8,5 mil crianças de 5 a 9 anos ocupadas no Brasil, demonstrando maior precariedade das condições do trabalho infantil.

“A maior parte das 2,6 milhões crianças e adolescentes que hoje trabalham no Brasil encontram-se nas regiões Nordeste e Sudeste, sendo que, proporcionalmente, a Sul lidera a concentração desse público nessa condição”, sintetiza a publicação.

O documento revela que 17,3 milhões de crianças de 0 a 14 anos, equivalente a 40,2% da população brasileira nessa faixa etária, vivem em domicílios de baixa renda, segundo dados do IBGE (2015). O Cenário da Infância também traz números sobre o que é considerado como “extrema pobreza”, isto é, crianças cuja família tem renda per capita é inferior a ¼ de salário mínimo: 5,8 milhões de habitantes (13,5% da população) de 0 a 14 anos de idade. Mais dados podem ser visualizados no www.observatoriocrianca.org.br.

Publicação com indicadores

O Cenário da Infância da Fundação Abrinq é uma publicação que reúne 23 indicadores sociais relacionados ao público de 0 a 18 anos, tais como: mortalidade, nutrição, gravidez na adolescência, cobertura de creche, escolarização, trabalho infantil, saneamento básico e violência, entre outros.

“Esperamos que o Cenário da Infância e da Adolescência no Brasil seja um material de consulta que auxilie na incidência política na luta pela garantia e promoção de direitos da infância e da adolescência”, afirma o presidente da Fundação Abrinq, Carlos Tilkian. “Nesta edição, além de retratar a situação das crianças no Brasil, também apresentamos a Pauta Prioritária da Infância e Adolescência no Congresso Nacional. O conteúdo revela as principais proposições legislativas em trâmite no Senado Federal e Câmara dos Deputados, com os respectivos posicionamentos da Fundação Abrinq baseados na efetivação e proteção de direitos da criança e do adolescente no Brasil”, acrescenta Heloisa Oliveira, administradora executiva da Fundação Abrinq.