Rio de Janeiro registra recorde de crianças baleadas em 2024

Veículo: Revista Veja - BR
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O Instituto Fogo Cruzado registrou um recorde de 26 crianças baleadas na Região Metropolitana do Rio de Janeiro em 2024, o maior número desde o início do monitoramento, em 2016. O dado ultrapassa o registrado em 2018, ano da intervenção federal, quando ocorreram 9.633 tiroteios na área.

O levantamento aponta que, das 26 crianças baleadas no ano passado, quatro perderam a vida e 22 ficaram feridas. O caso mais recente ocorreu em 12 de dezembro, quando um menino foi morto no Morro da Fé, na Penha. Menos de uma semana antes, no dia 7 de dezembro, duas crianças foram atingidas por balas na Gardênia Azul, na Zona Oeste. No dia 5, Kamila Vitória Aparecida de Souza Silva, de 12 anos, morreu em um tiroteio na Favela do Guarda, em Del Castilho, também na Zona Norte do Rio.

Dados da violência

A série histórica do Fogo Cruzado contabilizou 268 crianças baleadas em oito anos, das quais 59% foram vítimas de balas perdidas, 26% atingidas durante operações policiais, e 10% em disputas entre grupos criminosos. Em 17% dos casos, as vítimas foram feridas dentro de casa. Os dados apontam que o planejamento da polícia do Rio precisa considerar o horário escolar e, principalmente, evitar operações no entorno de instituições de ensino.

A situação se agravou com o crescimento do controle de grupos armados na região, que dobrou nos últimos 16 anos. Agora, cerca de 25% da capital está dominada, segundo o instituto.

Ação política

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, em seu segundo mandato, enfrenta críticas pela ausência de propostas concretas para a segurança pública. O plano estadual, apresentado após forte pressão do Supremo Tribunal Federal (STF), omite ações voltadas à prevenção da violência armada contra crianças e adolescentes, enquanto as estratégias recorrentes têm se mostrado ineficazes.

O prefeito Eduardo Paes também tomou decisões polêmicas recentemente, como a retirada de um memorial dedicado a crianças vítimas da violência e o veto a um projeto de lei que homenagearia Amarildo, morto por policiais, ao por seu nome numa rua na Rocinha. Além disso, a proposta de Paes para criar uma Força Municipal de Segurança, com uso de armamento, para ser uma parte da Guarda Municipal, foi considerada inconstitucional pela Associação das Guardas Municipais do Brasil (AGM BRASIL). 

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