RJ: Em 76% das UPPs há denúncia contra algum policial

Veículo: Folha de S. Paulo - SP
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Todos os dias, ao acordar, o primeiro pensamento da dona de casa Edleide Lessa, 52, é: "Por que um policial matou meu filho?". O ajudante de pedreiro Jackson Lessa dos Santos, 19, foi baleado na cabeça, em junho do ano passado, quando ia comprar biscoito, no morro do Fogueteiro, centro do Rio. Segundo os policiais, houve um confronto. A mãe nega e argumenta que o filho caminhava pelas vielas acompanhado de uma criança. O tiro de fuzil foi disparado por um soldado com um ano de polícia. Ele integrava a UPP instalada em 2011. O principal programa da Secretaria de Segurança Pública do Rio já foi implantado em 33 favelas da capital. Passados cinco anos do início do projeto, crescem denúncias de que policiais militares lotados nas UPPs se voltaram às práticas da chamada "velha polícia": são suspeitos de agressões, mortes e desaparecimentos. Levantamento feito pela Folha a partir de relatos de moradores e documentos das polícias Civil e Militar mostra que há denúncias contra a atuação dos agentes em 25 das 33 UPPs (76% delas).