RJ: Espancamento é alto em favelas
Segundo uma pesquisa realizada pelo Centro de Análises Econômicas e Sociais da PUC do Rio Grande do Sul (CAES/RS) em cinco comunidades do município do Rio e uma de Caxias, 68% das crianças são vítimas de violência física. As crianças de dois anos são as agredidas com maior freqüência, como comprovam os resultados do estudo no Morro da Formiga, na Tijuca. Ali, enquanto 0,9% das crianças de oito anos apanham "muitas vezes" no caso das de dois anos (e até os 18 meses elas ainda são consideradas bebês), essa freqüência salta para 25%. “É muito grave a situação, porque trará sérias sequelas para o desenvolvimento desse adulto. As crianças que mais apanham também são as que mais se envolvem em brigas, que mais têm problemas para se relacionar, que apresentam maior dificuldade para aprender e para se desenvolver. Essa violência doméstica não pode mais ser tratada como problema pessoal. É um problema social, para o qual é necessária a criação de políticas que possam quebrar esse paradigma de que bater resolve”, afirmou o professor Hermüio dos Santos, coordenador do projeto do CAES/RS.
Assunto divide especialistas – Relacionar a violência física contra crianças ao comprovante de residência de onde o crime é cometido é algo polêmico. De acordo o desembargador Siro Darlan, ex-responsável pela 1ª Vara da lnfância e da Juventude do Rio, a prática de bater em crianças ocorre independentemente da renda. ”A questão da violência contra a criança é cultural. Desde sempre, em todas as classes, há esse tipo de violência. Existe um projeto de lei que já está há cinco anos tramitando e não passa de jeito nenhum, porque há uma resistência enorme”, diz o desembargador. “Acham que tem que se tratar criança "na porrada". Acreditam que educar é bater. E isso no Congresso Nacional, o que prova que não é uma questão de classe”.