RJ tem 36 mil crianças de até 6 anos em extrema pobreza, diz estudo

Veículo: Globo.com - BR
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Crianças em extrema pobreza: estudo do Centro Internacional de Estudos e Pesquisas sobre a Infância mostra que 70 das mortes nesta faixa etária são por razões evitáveis, como falta de saneamento e vacinação

crianças em extrema pobreza
Foto: Reprodução/ TV Globo

Dados mostram que, em todo o Estado do Rio de Janeiro, 36 mil crianças vivem em situação de extrema pobreza. E quase 70% das mortes de crianças são provocadas por causas evitáveis. A pesquisa é do Centro Internacional de Estudos e Pesquisas sobre a Infância (Ciespi).

O estudo levou em consideração a primeira infância, a fase da vida que vai os seis anos de idade da criança. Ela é considerada fundamental para o desenvolvimento intelectual, físico, social e emocional de uma pessoa.

A pesquisa mostra que os responsáveis por estes meninos e meninas não são atendidos por benefícios como o Bolsa Família.

Kelly Regina da Silva, de 27 anos, mora na Ladeira dos Tabajaras, na Zona Sul do Rio. Ela trabalhava em um supermercado, mas o filho mais novo, de oito meses, ficou doente e ela ficou desempregada.

“Ele ficou internado. Falaram que não iam mais aceitar o atestado e eu não tinha o que fazer”, afirmou Kelly Regina.

Mortalidade infantil

A pesquisa traz também dados preocupantes sobre mortalidade infantil no Rio de Janeiro. De acordo com o estudo, 68,5% das mortes de crianças no estado são provocadas por causas evitáveis como falta de saneamento e vacinação.

O estudo também mostra que 45,5% dos meninos e meninas vivem com famílias que recebem até meio salário mínimo por pessoa.

“E 17% de crianças de 0 a 5, vivem em famílias com até um quarto de salário mínimo. São crianças que estão vivendo na extrema pobreza”, destacou Carol Terra, pesquisadora do Ciespi.

Carolinne da Silva, de 33 anos, mãe de dois filhos, mora no Morro da Providência, na região central do Rio. Ela paga aluguel e sustenta sozinha a filha de seis anos e o mais novo, de três meses.

“O meu Bolsa Família é R$ 950. Eu pago R$ 500 de aluguel. E o restante, faço uma compra, compro um remédio, compro roupa. É difícil. Tem vezes que eu olho a minha despensa e não tem nada. Mas tem que manter. Porque se eu chorar pelos cantos, minha mais velha vem, chora, abraça. É difícil. Mas tem que ser forte porque eu sou só eu”, disse Carolinne.

Raquel Spinelli, da ONG Providenciando a Favor da Vida, tentam mudar o futuro com a ajuda a essas famílias.

“Eu achava que, no primeiro ano de vida, o bebê tem que estar com a mãe. Mas, no contexto em que a criança não tem um alimento, não tem a nutrição adequada, realmente a creche entra salvando muitas histórias. Mudando. Dando oportunidade para essas crianças na primeira infância terem um estímulo ideal, com alimentação necessária para idade”, afirmou Spinelli.

A recreadora Jéssica Marinho chegou à ONG na segunda gestação. O projeto foi o apoio que ela precisou para não desistir. Atualmente, ela trabalha com carteira assinada, ajudando outras famílias.

“Você vai se fortalecendo, se baseando e criando resistência para estar sempre de pé. Sabendo que você precisa por você e que tem outras pessoas que também precisam de você para estar de pé”, disse Jéssica.

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