RS: Crianças e adolescentes deveriam receber proteção, mas são expostos a outros riscos
Aos dois anos, Maria* venceu a morte. Filha de uma viciada em crack, nasceu na rua e ficou ao relento, para morrer. Encontrada ainda com vida, foi levada a um abrigo. Mesmo sob a guarda do Estado, Maria vive em ambiente perigoso. Relatórios de vistorias recentes realizadas pelo Ministério Público Estadual (MPE), entre junho e julho, mostram que só em uma das 47 casas não havia risco à saúde dos acolhidos. Os abrigos estão em péssimas condições de segurança e habitabilidade. “É uma omissão e um descaso”, afirma a promotora Cinara Vianna Dutra Braga. Em local úmido e com muita vegetação, o Núcleo de Abrigos Residenciais (Nar) Ipanema, mantido pela Fundação de Proteção Especial do Rio Grande do Sul (FPE), tem sete casas. A maioria está repleta de mofo, exalando cheiro tão forte que provoca dores de cabeça. Dos 47 abrigos, há mofo em 37 em alguns casos, ao lado da cama das crianças. (*Os nomes foram trocados para proteger a identidade dos acolhidos).