Sete em cada oito abrigados têm família
Quem são e para onde vão os 45 mil adolescentes e crianças abrigados no País? Um mapeamento do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), feito com base na inspeção de 86% das entidades que abrigam pessoas com menos de 18 anos, traça um retrato preocupante: a maioria tem família. Apesar disso, 77% não receberam visita dos pais nos últimos dois meses e um terço está abrigado há mais de dois anos, limite máximo estabelecido por lei. "Os números mostram que a rede – tanto o judiciário quanto a assistência social – não está trabalhando de maneira adequada", afirma Tais Schilling Ferraz, presidente da Comissão da Infância e Juventude do CNMP. "O correto é que, no prazo máximo de dois anos, fosse realizada a reinserção na família biológica ou, nos casos em que isso não é possível, a ação de destituição de poder e encaminhamento para adoção."
Convívio– Hoje, apesar de a maioria dos abrigados não receber frequentemente a visita dos pais, o que fragiliza ainda mais o vínculo com a família, continuam atrelados a ela. Dados da Corregedoria Nacional de Justiça mostram que, dos mais de 45,6 mil abrigados em junho, menos de seis mil estavam aptos à adoção, o que significa um em cada oito. Os outros 39 mil ainda esperam pela chamada reinserção familiar. Uma mudança de perfil que explica até a troca de nomenclatura: nos "orfanatos" de antigamente, viviam os órfãos. Hoje, os abrigos dão guarida às vítimas de situação variadas. Para esses, a reinserção na família de origem é prioridade. A adoção, conforme prevê a lei, "é medida excepcional e só deve ocorrer quando esgotados os recursos de manutenção da criança ou adolescente na família".