SP: Em maternidade para viciada em crack, mãe tem alta, mas bebê fica
Nos últimos cinco anos, a maternidade Leonor Mendes de Barros, em São Paulo (SP), viveu uma explosão de partos de usuárias de crack. Em 2007, foram cinco. Neste ano, só até os primeiros sete dias de dezembro, já foram 75. Não existem dados oficiais de quantas usuárias da droga dão à luz na cidade. A maioria das maternidades não faz esse levantamento. Por isso, a Leonor, que começou a sistematizar dados a partir de 2007, tornou-se o retrato de um problema de saúde pública que tem se agravado. As suspeitas começam quando as mulheres afirmam que moram na rua, não têm vínculos familiares e não fizeram o pré-natal. "Elas não querem mal ao bebê. Então quando dizemos que precisamos saber para ele ser tratado de forma adequada, elas assumem", diz a diretora do serviço de neonatologia do hospital, Adryana de Freitas.
Protocolo – Os funcionários da maternidade finalizaram um protocolo de atendimento que ainda é mantido em sigilo. A ideia é que se descubra a parturiente usuária de drogas mais cedo. O protocolo pode passar a servir de modelo para maternidades de todo o estado. A maior parte das mulheres que dá à luz na maternidade não sai de lá com seus filhos. Neste ano, o hospital acionou a Vara da Infância e da Juventude para avaliar o destino de 55 dos 75 filhos de dependentes nascidos lá. Segundo a direção, em 80% das vezes a Justiça manda esses recém-nascidos temporariamente para abrigos. A situação, no entanto, pode se tornar permanente, caso a mãe demonstre à Justiça não ter condições de criar a criança. Neste ano, 25 bebês filhos de dependentes de crack que nasceram na Leonor foram levados para adoção. Em 2007, foram dois.