Unicef denuncia ocupação de escolas e universidades por militares em Mianmar
O Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância (Unicef) denunciou a ocupação de mais de 60 escolas e campi universitários em 13 regiões de Mianmar por militares que deram um golpe de Estado em 1º de fevereiro.
A entidade da ONU, juntamente com a Unesco e a ONG Save the Children, afirmou em um comunicado que “a ocupação de instalações educacionais em Mianmar pelas forças de segurança é uma grave violação dos direitos das crianças”.
O grupo exorta os militares a abandonarem o complexo “imediatamente” e aponta que estas ocupações “marcam ainda mais o agravamento da atual crise” no país após a revolta militar e a repressão brutal exercida contra manifestantes desarmados.
“As escolas não devem ser utilizadas pelas forças de segurança em hipótese alguma”, disseram em nota divulgada, na qual também denunciam espancamentos a pelo menos dois professores e a ocupação por militares de pelo menos um hospital.
Desde o golpe até sexta-feira, 19, pelo menos 235 pessoas perderam a vida, incluindo vários menores, na repressão brutal das forças de segurança contra os protestos em toda o país em rejeição à tomada do poder pelo exército. Os dados são da Associação para a Assistência a Presos Políticos (AAPP).
O portal de notícias Myanmar Now relata, neste sábado, 20, mais duas possíveis mortes ocorridas na noite de sexta em Rangoon, a antiga capital e a cidade mais populosa, a partir de tiros disparados por forças governamentais durante patrulhas noturnas.
Apesar da violenta repressão, os protestos não pararam completamente e continuam em várias partes do país. Os manifestantes exigem que os militares restaurem o sistema democrático, respeitem os resultados das eleições de novembro e a liberdade de todos os detidos pela junta militar, incluindo a líder presa, Aung San Suu Kyi.
O Exército, por sua vez, defende a dura ação das autoridades e justifica o golpe devido a uma suposta fraude eleitoral nas citadas eleições de novembro./ EFE