Uso de tecnologias por crianças pode causar sintomas de hiperatividade

Veículo: www.ebc.com.br - DF
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O uso de tecnologia por parte das crianças é um tema bastante controverso. Muitos são os questionamentos levantados sobre os efeitos da utilização de tablets, smarphones, jogos eletrônicos e computadores. Algo essencial a ser trazido à tona nessa reflexão é o papel que os adultos exercem como modelos do ponto de vista do uso que fazem da tecnologia em seu dia a dia. Além disso, também são eles os mediadores do contato das crianças com os conteúdos a serem acessados e do tempo a ser gasto pelos pequenos nessas atividades, conforme apontamos aqui.

Além dos aspectos relacionados ao cuidado no contato com a tecnologia por parte das crianças, há também questões neurológicas a serem consideradas. O jornal Nexo publicou uma notícia que aponta as recentes pesquisas que vem sendo realizadas com jovens nos EUA, Inglaterra e China acerca de como o uso exagerado de smartphones pode produzir sintomas semelhantes aos de hiperatividade e déficit de atenção. Embora ainda não exista qualquer evidência de que essa situação altere estruturalmente o funcionamento do sistema nervoso, o constante isolamento e estimulação provocados pelas notificações, imagens, sons e comunicações virtuais favorece uma atenção flutuante, sempre pronta a mudar de foco.

É importante ressaltar que nenhuma das pesquisas chegou a qualquer afirmação conclusiva e que não existe nenhuma prova de que o uso de tecnologia possa gerar distúrbios. O que ocorre é que as formas de interação com o mundo sofrem influência constante da relação com a tecnologia, levando a certos comportamentos semelhantes aos observados em situações como déficit de atenção ou hiperatividade. Outro aspecto levantado pelas pesquisas é o preenchimento tecnológico dos momentos que antes seriam vivências de tédio. Esses são fundamentais para o relaxamento e também para o desenvolvimento da criatividade.

Os estudos foram realizados com jovens, cujo sistema nervoso ainda está em formação, mas com muito menos plasticidade do que nas crianças pequenas. Portanto, vale refletir sobre os possíveis efeitos neurológicos que o uso excessivo de tecnologia pode gerar quando ocorre na infância.