Violência obstétrica: práticas consideradas ‘normais’ são cada vez mais questionadas
A violência durante o parto é mais comum do que se imagina. Dezoito por cento das mulheres ouvidas em pesquisa do Ministério da Saúde (MS) alegam ter sofrido algum tipo de agressão – física ou psicológica. Mas nem sempre elas se dão conta de que alguns procedimentos usuais são contestados sob este aspecto. São exemplos disso romper a bolsa, colocar remédios para acelerar as contrações e proceder a episiotomia – corte na vulva ou vagina para aumentar o canal para a passagem do bebê – sem necessidade. Segundo o pesquisador Carlos Antônio Montenegro, no livro “Obstetrícia Fundamental”, a técnica só é necessária em 10% a 15% dos casos, apesar de ser utilizada em 90% dos partos na América Latina. Melânia Amorim, ginecologista e obstetra, afirma que há evidências de que o corte não só é desnecessário como pode ser prejudicial. "Sem ele a perda de sangue é menor. O corte também é difícil de cicatrizar, se gastam mais fios para dar os pontos e a abertura acarreta um aumento da dor no pós-parto. Além disso, muitas mulheres têm dificuldades em retomar a vida sexual", aponta.