A mídia brasileira e as regras de responsabilização dos adolescentes em conflito com a lei – Parte I: Construindo uma mentalidade

(2013)

Realização:

ANDI – Comunicação e Direitos com o patrocínio da Petrobras
 

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Dando continuidade ao monitoramento da cobertura jornalística sobre os adolescentes em conflito com a lei, a ANDI – Comunicação e Direitos analisou o noticiário que aborda o sistema socioeducativo e as regras de responsabilização do grupamento em foco. A pesquisa incidiu sobre oito jornais impressos (quatro de circulação nacional, quatro de âmbito regional); quatro revistas e um telejornal, no período de 01/04/13 a 15/05/13.

E os principais resultados apontam para uma prática quenão condiz com um dos papéis centrais do jornalismo – o de fornecer informação qualificada à sociedade, com pluralidade de pontos de vista e contextualização dos fatos. Intitulada “A mídia brasileira e as regras de responsabilização dos adolescentes”, a análise é composta por três partes: “A construção de uma mentalidade”, “Os autores dos discursos” e “O discurso da técnica jornalística”.

Nesta primeira parte, são expostas as engrenagens midiáticas que vêm construindo a mentalidade social sobre o fenômeno dos adolescentes em conflito com a lei e o sistema socioeducativo, a partir da identificação desete das principais tendências, que expõem um noticiário de caráter nitidamente ideológico, construído praticamente sobre uma tese – exposta de modo frágil, baseada em mitos e descolada dos dados da realidade.

Cada “Tendência” é ilustrada por “Indicadores quantitativos” (tabelas com dados numéricos coletados por blocos de veículos), seguindo-se as “Percepçõesconstruídas” (interpretação qualitativa do discurso quantitativo) e alternando-se contrapontos: “Verdades negligenciadas” (dados e análises de especialistas) e “Realidades” (observação direta do quadro social), principalmente. São elas:

Tendência 1. Noticiário centrado em crimes graves contra a pessoa, envolvendo adolescentes.

Tendência2. Restrito à legislação que regula as regras de responsabilização deste grupamento.

Tendência3.  Focado na (pretensa) impunidade que seria garantida pelo ECA.

Tendência4. Reduz a problemática à ação do sujeito, ignorando o contexto de produção do fenômeno.

Tendência 5. Focado no ato infracional, negligenciando desdobramentos legais.

Tendência6. Limitado à defesa de mudanças na legislação que regula as regras de responsabilização.

Tendência 7. Defende principalmente a redução da idade penal como solução para o fenômeno.

Na segunda parte são detalhadasas diferenças e similaridades no comportamento editorial dos veículos analisados, dando visibilidade, ainda, uma característica importante deste campo: a convergência de discurso dos diferentes veículos de um mesmo grupo de comunicação. A terceira parte é dedicada ao debate dos parâmetros técnicos das narrativas jornalísticas analisadas.