A Mídia dos Jovens – 10ª edição
(2002)
Realização:
A Mídia dos Jovens é uma realização da ANDI e Instituto Ayrton Senna, com apoio do Unicef.
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Comunicar para educar
Esta edição da pesquisa A Mídia dos Jovens oferece um estudo inédito aos meios de comunicação e aos atores que atuam na área da Infância e Adolescência – uma análise do conteúdo dos suplementos infantis de 36 jornais brasileiros. Por outro lado, apresentamos os resultados da análise anual da chamada Mídia Jovem – um universo de 26 suplementos de grandes e médios jornais e quatro revistas dirigidos exclusivamente aos adolescentes.
Este estudo revela algo positivo: a cobertura de questões de Relevância Social se consolidou ainda mais em 2001, chegando quantitativamente a um volume de matérias que permite dizer que estes veículos dedicados à adolescência/juventude atingiram saudável equilíbrio entre estes temas e aqueles que fazem parte do cardápio de interesse dos jovens, mas que pouco agregam conteúdo e reflexão, como Moda & Beleza. O crescimento da Relevância Social ocorre de forma consistente, embora – sobretudo por razões econômicas – algumas empresas tenham extinguido suplementos, deixado de editar revistas ou modificado a linha editorial, privilegiando temas de entretenimento associados à indústria cultural.
Para analisar os cadernos infantis, contamos com consultores de reconhecido saber em questões de conteúdo, linguagem e forma. Mestres e doutores em Educação, Literatura e Redação, eles se debruçaram sobre 576 textos de 138 exemplares de cadernos infantis. Os consultores verificaram que o processo de revolução conceitual vivido na Mídia Jovem (ênfase em temas de Relevância) não chegou à maioria dos cadernos infantis, onde faltam linhas editoriais que transcendam a formatação tradicional baseada na idéia de “passatempo”. Mesmo com a evolução das telecomunicações e o maior acesso a um fluxo de informação inimaginável há duas décadas, sobrevive em muitos suplementos uma linguagem inadequada à capacidade de elaboração infantil.
A maioria dos cadernos não agrega inovações que poderiam otimizar sua concepção. Trata-se de fenômeno que ocorre, ao que tudo indica, porque as empresas jornalísticas não estão conscientes da importância desses espaços enquanto instrumento pedagógicovalioso para o desenvolvimento de um espírito cidadão desde a infância. Nosso desejo é que as conclusões aqui apresentadas sejam inspiração técnica para que jornais e revistas possam fazer uma pausa para a autocrítica de seu desempenho – no caso, uma performance jornalístico-pedagógica por excelência, pois com nítidas características do que se convencionou chamar “educomunicação”.
Agradecemos ao UNICEF pelo espírito de permanente e criativa parceria, aos consultores que dedicaram tempo e inteligência ao trabalho, assim como ao Ministério da Educação, que juntou-se a nós para viabilizar esta realização.