Há um consenso em relação ao Brasil. Estamos entre as nações mais desiguais do planeta. Apesar de ser a 11a economia do mundo, em 2002 o Brasil ocupou a 73a posição no ranking elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), que mede as condições de vida em 173 países. Assim, temas como miséria, pobreza, desigualdades sociais, econômicas e culturais, violência, déficits evidentes na infra-estrutura e nos serviços básicos, necessidade premente de desenvolvimento e falta de proteção social em doses sempre superlativas são tão presentes no cotidiano da sociedade brasileira quanto no trabalho de boa parte da mídia. Infelizmente, essa presença na imprensa não significa uma atuação capaz de alcançar as dimensões também superlativas desses problemas.

E preciso não restringir a abordagem a conceitos estanques, tantas vezes reducionistas. Típico exemplo desse enfoque, digamos, precário, encontra-se quando os temas são a pobreza e o desenvolvimento. E comum uma discussão estritamente econômica desses assuntos, apesar do bom número de textos sobre o relatório de Desenvolvimento Humano, divulgado anualmente pelo PNUD e que ajudou a trazer à tona uma visão mais ampla de tais questões. O conceito adotado pelo PNUD vai além da idéia de opulência econômica (basicamente o tamanho do PIB – Produto Interno Bruto – de cada nação) como indicador de desenvolvimento. Ele agrega dimensões como expectativa de vida, nível de educação, meio ambiente, democracia, direitos civis, políticos e sociais. Ampliar o espectro do debate travado no Brasil sobre esses temas se impõe como uma das missões mais desafiadoras da imprensa: a de contribuir de forma consistente com os esforços pela redução da pobreza e para a promoção de um desenvolvimento que leve em conta não apenas estatísticas, mas sobretudo o bem-estar das pessoas.

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