Jornalista Suzana Varjão apresenta estudo em Caravana na Bolívia

Compartilhe

A primeira etapa da “Caravana Infância e Comunicação” na América Latina foi realizada, com sucesso, entre os dias 15 e 16 de setembro de 2015, na Bolívia. Organizada pela Eco Jóvenes e pela ANNI Bolívia, instituições que integram a Rede ANDI AL naquele país, cumpriu plenamente o objetivo, de promover o debate sobre a interface infância e comunicação com autoridades, especialistas, comunicadores e a sociedade boliviana em geral.

Os debates ocorreram em eventos distintos, com públicos igualmente diversos (cerca de 65 pessoas), no Hotel Presidente, em La Paz. Em destaque, além de temas relacionados à promoção dos direitos da infância no campo da comunicação de massa, reflexões e troca de conhecimento sobre o noticiário especializado em violências e criminalidades – notadamente, a chamada “crónica roja” (ou narrativas “policialescas”), foco de grande interesse no país.

OS EVENTOS

No primeiro dia, foi realizada a “Oficina Internacional Infância e Comunicação”, com palestras de Carlos Mamani, diretor da Eco Jóvenes; Elvis Toro Aranda, diretor do jornal Extra; Suzana Varjão, da ANDI – Comunicação e Direitos; Eustaquio Vallejos, do Ministerio de Justicia de Bolivia; e Julia Velasco, coordenadora da ANNI. No segundo dia, foi lançado o livro “Derechos de La Infancia y Derecho a La Comunicación”, com exposição da representante da ANDI.

A experiência do periódico boliviano Extra chamou a atenção, pela tendência do campo midiático, contrária, naquele país, à do Brasil. Sob o título “De la crónica roja a la cobertura responsable em temas de niñez y adolescencia”, Elvis Toro fez um retrospecto da trajetória do periódico boliviano, que sofreu profunda transformação, passando de tablóide sensacionalista e mórbido a periódico informativo de qualidade.

REAÇÃO SOCIAL

Um dado revelador é que a mudança qualitativa do Extra foi provocada pela rejeição da população boliviana ao conteúdo veiculado, pleno de cenas chocantes e mulheres nuas. Em franca queda de vendas, o jornal retomou o prestígio e aumentou a circulação e a saúde financeira, com a nova linha editorial, contradizendo argumento recorrente entre adeptos do gênero “policialesco”, de que o que vende jornal é sangue.

Em sua fala, o executivo do matutino destacou a contribuição da Agência ANNI no processo de transformação editorial, com a promoção de oficinas de capacitação para os profissionais de imprensa e a edição de guias de orientação para uma cobertura jornalística socialmente responsável e comprometida com o respeito, a defesa e a promoção de direitos de meninos, meninas e adolescentes bolivianos.

LEGISLAÇÃO

Na apresentação do recém aprovado “Código Niña, Niño y Adolescente” (julho de 2014), o representante do Ministério da Justiça da Bolívia destacou os dispositivos diretamente relacionados à proteção de direitos no campo da comunicação de massa – um avanço considerável, se comparado a muitas legislações do gênero, incluindo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

O Código registra, entre outros, o direito da infância e da adolescência de “receber, buscar e utilizar todo tipo de informação importante ao seu desenvolvimento”, estabelecendo como dever do Estado a implementação de normas para garantir o acesso e a difusão de informações e opiniões de meninos, meninas e adolescentes.

VIOLAÇÕES

Sob demanda dos organizadores, Suzana Varjão apresentou dados do “Programa de monitoramento de violações de direitos na mídia brasileira”, ora em execução pela ANDI, e que realiza levantamento de infrações a leis e violações de direitos humanos em programas de rádio e TV “policialescos”, sendo destacada a viabilidade de adaptação da tecnologia social para aplicação em outros países.

Além dos dados da pesquisa sobre violações de direitos, foram apresentados sucintamente os 10 temas sobre a relação entre infância e comunicação registrados no livro “Derechos de La Infancia y Derecho a La Comunicación”, seguindo-se debates com os participantes e, no último dia, uma rodada de entrevistas com jornalistas, que repercutiram amplamente os eventos na imprensa boliviana.

A CARAVANA

A “Caravana Infância e Comunicação” é uma iniciativa da ANDI – Comunicação e Direitos e das redes ANDI Brasil e ANDI América Latina, e tem como objetivo debater temáticas e estratégias relacionadas à defesa e promoção de direitos no campo da comunicação de massa. Foi estruturada a partir de amplo trabalho de investigação, que mapeou experiências desenvolvidas por países democráticos em diferentes partes do mundo.

Os insumos construídos foram reunidos no livro “Direitos da Infância e Direito à Comunicação”. Traduzida para o inglês e para o espanhol, a publicação foi lançada inicialmente em 10 capitais brasileiras, e, agora, estimula o debate em sete países da América Latina. Depois da Bolívia, a “Caravana” segue para Guatemala, Costa Rica, Nicarágua, Uruguai, Paraguai e Chile. 

A Caravana é patrocinada pela Petrobras e recebe apoio de diferentes organizações, nos países por onde a "Caravana" passa, como o Unicef, na Bolívia.

 

Confira também os relatos da Guatemala, Costa Rica, Nicarágua, do Paraguai e Uruguai.