Caravana Infância e Comunicação na Costa Rica
Investir na produção de conhecimento para promover direitos de crianças e adolescentes – notadamente, daqueles que vêm sendo historicamente “invisibilizados” e excluídos na Costa Rica. Este foi um dos pontos centrais dos debates promovidos pela Comunica Con Respeto DNI, organização que integra a Rede ANDI América Latina, durante a passagem da “Caravana Infância e Comunicação” por aquele país.
O seminário foi realizado em 06 de outubro último, na sede do Colégio de Periodistas, na cidade de San José da Costa Rica, reunindo especialistas, agentes de Estado e comunicadores. Além da representante da ANDI – Comunicação e Direitos, Suzana Varjão, expuseram durante o evento Horacio Gómez, expert em comunicação, meios alternativos e tradicionais, María José Murillo e Virginia Murillo, ambas da DNI.
LANÇAMENTO
Como ocorreu na Bolívia e na Guatemala, a jornalista Suzana Varjão proferiu a palestra "Derechos de la niñez y derecho a la comunicación: ¿cómo armonizarlos?", apresentando dados da publicação “Derechos de La Infancia y Derecho a La Comunicación”, que registra um panorama mundial sobre a interface em foco, reunindo experiências desenvolvidas por nações democráticas, na perspectiva de coibir violações e promover os direitos desses grupamentos.
Além dos temas registrados no livro, foi compartilhada a tecnologia social desenvolvida pela ANDI, em conjunto com outras organizações sociais do Brasil, como o Intervozes e a Artigo 19, para contribuir com o enfrentamento de um fenômeno midiático que vem violando direitos humanos e discursando contra a democracia brasileira: os programas de rádio e TV conhecidos como “policialescos”.
DESAFIOS
Em sua exposição, Virginia Murillo, presidente da DNI Costa Rica, falou sobre os obstáculos que se apresentam para a defesa e promoção de direitos de crianças e adolescentes no país – entre os mais significativos, a insuficiência de informações sobre os diferentes grupamentos que compõem a nação costarriquenha, uma vez que sua população não é homogênea, e estas diferenças estão intrinsecamente relacionadas aos níveis de acesso a direitos.
Para enfrentar tais desafios, Murillo destacou, entre outras coisas, a necessidade de mudanças no comportamento social, que “vem contribuindo para a violação de direitos”; de promoção de diálogo entre gerações; de reversão da visão “adultocêntrica” e das relações de poder, que “não ajudam meninos, meninas e adolescentes a exercerem sua cidadania”; e de estruturação de mecanismos que permitam a ausculta da voz das crianças e dos adolescentes.
NOVA ORDEM
Horacio Gómez traçou breve histórico sobre a regulação dos meios de comunicação na Costa Rica, enfatizando a importância de se aprimorar o processo, em função do vazio ainda existente no arcabouço legal, e que dá margem à violação de direitos no campo midiático. Enfatizando o papel da imprensa na defesa e promoção de direitos de crianças e adolescentes, conclamou os jornalistas a construírem uma nova ordem na esfera da comunicação de massa.
– O jornalismo está em transição. É hora de plantar sementes, reiterou.
A CARAVANA
A “Caravana Infância e Comunicação” é uma iniciativa da ANDI – Comunicação e Direitos e das redes ANDI Brasil e ANDI América Latina, e tem como objetivo debater temáticas e estratégias relacionadas à defesa e promoção de direitos no campo da comunicação de massa. Foi estruturada a partir de amplo trabalho de investigação, que mapeou experiências desenvolvidas por países democráticos em diferentes partes do mundo.
Os insumos construídos foram reunidos no livro “Direitos da Infância e Direito à Comunicação”. Traduzida para o inglês e para o espanhol, a publicação foi lançada inicialmente em 10 capitais brasileiras, e, agora, estimula o debate em sete países da América Latina. Depois de passar ter passado pela Bolívia, pela Guatemala e pela Costa Rica, a “Caravana” segue para a Nicarágua, o Uruguai e o Paraguai.
A “Caravana” é patrocinada pela Petrobras e recebe apoio de diferentes organizações, nos países por onde passa, como o Colégio de Periodistas e a Oficina de Controle de Propaganda, na Costa Rica.
Confira também os relatos da Bolívia, Guatemala, Nicarágua, do Paraguai e Uruguai.