ONU alerta para aumento do uso de drogas e impactos globais
Neste 26 de junho, as Nações Unidas marcam o Dia Internacional contra o Abuso de Drogas e o Tráfico Ilícito. Em mensagem para a data, o secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que as drogas são a raiz de um sofrimento humano imensurável, seu uso corrói a saúde e o bem-estar das pessoas e as overdoses causam centenas de milhares de mortes todos os anos.
O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc, lançou um relatório nesta quarta-feira apontando que o surgimento de novos opioides sintéticos e um recorde de oferta e demanda de outras drogas agravaram os impactos globalmente, levando a um aumento nos transtornos relacionados ao uso de drogas e danos ambientais.
20% de aumento em 10 anos
Segundo o levantamento, o número de pessoas que usam drogas aumentou para 292 milhões em 2022, um aumento de 20% em 10 anos. A cannabis continua sendo a droga mais usada em todo o mundo, com 228 milhões de usuários.
A substância é seguida por opioides, com 60 milhões de usuários. O relatório alerta que nitazenos, grupo de opioides sintéticos que podem ser ainda mais potentes do que o fentanil, surgiram recentemente em vários países de alta renda, resultando em um aumento nas mortes por overdose.
Estima-se que as anfetaminas tenham 30 milhões de usuários, a cocaína 23 milhões e ecstasy 20 milhões.
O chefe da ONU alerta em sua mensagem que as drogas sintéticas estão se tornando mais letais e viciantes, e o mercado de drogas ilícitas está batendo recordes de produção, alimentando o crime e a violência em comunidades de todo o mundo.
A diretora executiva do Unodc, Ghada Waly, adicionou que a produção, o tráfico e o uso de drogas continuam a exacerbar a instabilidade e a desigualdade, ao mesmo tempo em que causam danos incalculáveis à saúde, à segurança e ao bem-estar das pessoas. Para ela, é necessário oferecer tratamento e apoio às pessoas afetadas pelo uso de drogas além de investir em prevenção.
Jovens
Para Guterres, são as pessoas mais vulneráveis, inclusive os jovens, que sofrem os piores efeitos dessa crise. As pessoas que usam drogas e as que vivem com transtornos relacionados ao abuso de substâncias são vitimadas repetidamente: pelas próprias drogas, pelo estigma e pela discriminação, e por respostas pesadas e desumanas ao problema.
O relatório do Unodc aponta que embora cerca de 64 milhões de pessoas em todo o mundo sofram de transtornos relacionados ao uso de drogas, apenas uma em cada 11 está em tratamento. As mulheres têm menos acesso ao tratamento do que os homens, com apenas uma em cada 18 mulheres com transtornos relacionados ao uso de drogas em tratamento, em comparação com um em cada sete homens.
Em 2022, estima-se que 7 milhões de pessoas tiveram contato formal com a polícia por delitos relacionados a drogas, sendo que cerca de dois terços desse total se devem ao uso ou posse de drogas para uso.
Além disso, 2,7 milhões de pessoas foram processadas por delitos relacionados a drogas e mais de 1,6 milhão foram condenadas globalmente em 2022, embora haja diferenças significativas entre as regiões em relação à resposta da justiça criminal aos delitos relacionados a drogas.
Prevenção
Para Guterres, a prevenção é chave para lidar com a questão. Ele afirma que os programas de prevenção de drogas baseados em evidências podem proteger as pessoas e as comunidades, ao mesmo tempo em que reduzem as economias ilícitas que lucram com a miséria humana.
Ele lembra que enquanto foi primeiro-ministro de Portugal, implementou as estratégias de reabilitação e reintegração, campanhas de educação em saúde pública, aumento do investimento em medidas de prevenção, tratamento e redução de danos relacionados às drogas, a prevenção compensa.
O relatório do Unodc inclui capítulos especiais sobre o impacto da proibição do ópio no Afeganistão, drogas sintéticas e gênero, impactos da legalização da cannabis e “renascimento” psicodélico. O documento também cobre o direito à saúde em relação ao uso de drogas e como o tráfico de drogas no Triângulo Dourado está ligado a outras atividades ilícitas e seus impactos.
Fonte: ONU News
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